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BIOSSISTEMAS SUBTERRÂNEOS - PARTE 3

UNDERWORLD – O INFERNO NO CENTRO DA TERRA O PLANETA TERRA QUE NINGUÉM CONHECE, DOS MITOS DO SUBMUNDO AO REAL SUBSOLO: A CONFUSÃO ENTRE INFERNO E SUBTERRÂNEO


Sistemas Subterrâneos Naturais, Semi ou Artifíciais *que podem ter dado origem aos mitos e lendas dos mais famosos que temos até hoje


BIOSISTEMAS SUBTERRÂNEOS

O Planeta Terra que ninguém conhece como realmente ele o é: sob a luz da geologia. É largamente explanado em estudos alheios à historiografia do mundo, porém intimamente ligado, desde as subcamadas abaixo da superfície, passando pela Crosta Continental até chegar no centro da Terra – os mitos se aproveitam das lendas para serem criados, e as lendas nascem em fragmentos das verdades do mundo.



Sendo assim, na concepção geral que todos conhecem e vamos apenas revisar, veja: partindo do centro temos a seções divididas pelo Núcleo Interno, cerca de 1.200km de espessura, depois o Núcleo Externo com 2.200km, e então a camada mais espessa, o Manto Interno com seus aproximados 2.885 quilômetros, e logo acima, se comparada às outras divisões, a minúscula camada do Manto Superior, com algo por volta de 650km, e por último à Crosta Terrestre com apenas variáveis 30 quilômetros.


Cidade subterrânea de Derinkuyu é uma das inúmeras cidades subterrâneas localizadas na Turquia. Essa em específico está no distrito de Derinkuyu, província de Nevşehir, na antiga região histórica da Capadócia. Até os dias de hoja há duvidas sobre a datação da construção original dessas moradias subterrâneas que chegam a incriveis 85 metros de profundidade e Derinkuyu pode abrir até 20 mil pessoas vivendo lá sem nem mesmo precisar sairem para plantio, necessidades básicas e demais atividades do dia-a-dia.


A teoria mais aceita a respeito da interação dessas camadas é que o atrito de rotação e interação do Manto Interno com as demais camadas geram o campo eletromagnético terrestre, isso devido a composição metálica dos Núcleos. O Campo Eletromagnético da Terra garante a integridade e estabilidade atmosférica da troposfera, estratosfera, mesosfera, termosfera e, por último, mas não menos importante, a exosfera. É válido lembrar que são constatações recentes, ainda do final do século XX. Além de proteger a superfície da Terra de violentas rafadas e ondas de explosões/erupções solares, os tão famosos Solar Flares, o campo eletromagnético resguarda o planeta também de radiação cósmica, e até de pequenos objetos do sistema estelar que estamos, e que possam vir a atingir a Terra.


Entre os sistemas autossustentáveis que existem pelo mundo um peculiar se destaca no meio geográfico, os biomas. Eles consistem no significado da união das palavras gregas: bio, sendo vida, e oma, igual a proliferação. Em determinados casos de descobertas recentes é verificado que certos biomas geológicos subterrâneos são extremamente autossuficientes a um nível que produziram até vida animal própria ou conservaram algumas espécies da extinção, fazendo que elas existam apenas lá, tal como o caso de cavernas isoladas com águas que reservam alguns tipos de camarões e peixes existentes apenas em seus biomas, ecossistema especial gerado pelo isolamento biológico.


Outro exemplo claro sobre bioma subterrâneo de longa data de existência é a caverna Hang Son Doong, no Vietnã. Ela é considerada a maior caverna do mundo, com mais de 200 metros de altura, e vasta extensão. Essa caverna é tão grande que absurdamente tem seu próprio clima, uma floresta, jardins isolados, rios passando dentro e cortando a vista, fósseis de mais de 300 milhões de anos facilmente detectáveis, estalactites e suas opositoras estalagmites, até penhascos apontando para baixo com mais de incríveis 350 metros de profundidade, uma grande muralha lateral interna, um reservatório de pérolas e incríveis nuvens próprias, pairando em seu céu rochoso na parte superior da limitação de pedra. É cercada por túneis que lembram labirintos e muitos visitantes e profissionais experientes relatam que sem a técnica devida, é possível se perder e morrer tentando sair de lá, tamanha a vastidão. Estimasse que ela foi formada cerca de 2.5 milhões de anos atrás. É mais precisamente localizada no Parque Nacional Phong Nha-Ke Bang, a 280 km ao sul de Hanói, a capital vietnamita, e sua entrada está há 80 metros abaixo da superfície, tendo seu acesso apenas através de uma descida por rapel.


Enfim, essa é uma mera e fabulosa caverna que tem uma grande entrada aberta para o homem observar, adentrar, explorar, mitificar, imaginar. Extrapolando na especulação: quantos outros passíveis povos podem ter existido e sabido de sua existência? Quantos encontrara sua entrada e tiveram a coração de descer para o submundo? Existiram entradas um pouco mais escusas e escondidas que levar ao acesso dela com menos dificuldade que um rapel de 80 metros de altura? Teria sido ela, ou outros biomas, habitada por algum povo que se refugiou ali e se adaptou a não mais ver o sol? Talvez até deixou pegadas de sua estadia na superfície, porém o que um dia foi fato, passou a lenda e evoluiu a mito.



Mas onde mora a relevância aí?

Por todo o mundo, mitos e lendas são levantados desde quando a humanidade se vê como desenvolvida, ou seja, segundo os meios de comunicação, publicações e pesquisas mais recentes, por volta de 12 a 6 mil anos atrás. Inicialmente cultuando a natureza e tudo que a cerca, logo em seguida a psique humana desenvolveu o primórdio do que viriam a ser as religiões. Milênios de evolução e começaram a cultuar animais, mas não qualquer um, e sim os mais poderosos do ecossistema que interagiam, os viam como figuras imponentes e como tudo que era desconhecido, era também plausível de divinização intrínseca, assim foi com os animais do topo de suas posições de poder na hierarquia vista pelos humanos.


Então evoluindo um pouco mais, e o tempo correndo junto, houve o avança dos credos e a criação de cultos e ritos sagrados transmutando a ideia do poder animal e transferindo-o para os homens e mulheres, fazendo assim com que pessoas pudessem ser divinizadas também, uma vez que detinham o podem cultual do antigo poderoso animal em si e transportam essa ideia para o meio social, transferindo junto o poder daqueles que um dia foram os cultuados, os predadores apex e animais relevantes de honrarias: ou seja, os humanos criaram deuses à sua imagem e semelhança.


Podemos ver isso claramente em culturas dos primeiros registros escritos que temos conhecimento, povos mesopotâmicos como os sumérios e acádios, passando pelos antigos egípcios, indo para países asiáticos como na China, atravessando oceanos e observando os povos astecas, maias e incas, e até mesmo as culturas anteriores a esses povos mesoamericanos, cultura essa ainda desconhecida, mas não por completo, já apontam novas pesquisas e testes de DNA nos crânios naturalmente alongados de Paracas.


Enfim, essa mitologia criacionista religiosa gera relevantes arquétipos que são inerentes aos seres humanos, mas também deixa lacunas quando a pesquisa se refere a um item em específico, os mitos que envolvem o pós-morte e a busca pelo que virá depois da vida.


A inquietação racional sobre o religioso criou mecanismos de proteção mental para lidar com a finitude da criatura, do ser, do ser humano. Filósofos refletem a respeito há eras. Todavia, numa visão um tanto mais palpável e menos arquetípica podemos rastrear pegadas no passado que irão gerar desconforto para aqueles que têm informações limitadas sobre o submundo dos povos antigos em paralelo com a sua própria ideia de local da perdição eterna, o que entendemos hoje por: Inferno.

Hoje com discernimento suficiente e tecnologia para rastrear o que há além da toca de coelho que Alice entrou, podemos serrar os punhos e ir para a briga em favor dos novos fatos e descobertas.


Pesquisas recentes vêm mostrando que há muito mais sob a superfície e nos espaços ocos da Crosta Terrestre que meras coincidências entre os mitos antigos de distintos povos do planeta: os biomas autossustentáveis em gigantescas cavernas e concavidades rochosas podem ser prova disso. E essa não seria a primeira vez que a ciência mira para o alto, sem rumo, e acaba certeiramente atirando bem no centro do alvo.


Michael Mott em seu livro Caverns, Cauldrons, and Concealed Creatures: A Study of Subterranean Mysteries in History, Folklore, and Myth, de 2011, título que sob tradução literal ficaria: Cavernas, Caldeirões e Criaturas Ocultas: Um Estudo de Mistérios Subterrâneos na História, Folclore e Mito. Explora a possibilidade da existência de espécimes altamente peculiares, se não também desenvolvidas, sob nossos pés, nossas casas. Entre eles homo sapiens e vida selvagem, ou até mais que isso.


Entretanto, a relação de pesquisas e fatos que ele relata, que são o mais extraordinário e a cereja do bolo para nossas conclusões. Geologicamente, no livro consta os resultados de testes sismológicos feitos na região Mohorovičić do subsolo, ou seja, o ponto de descontinuidade entre a Crosta Terrestre, secção sólida, e o Manto Externo, secção teoricamente liquefeita, descoberto pelas pesquisas dos cientistas Andrija Mohorovičić, Beno Gutenberg e Inge Lehmann. Nesse ponto, a velocidades de ondas sísmicas se alteram, aumentando. Algo que até as pesquisas dos três cientistas do início do século XX não era sabido.


Ainda, segundo Alberto Matias, em sua obra Descontinuidade de Gutenberg, 2019, é exatamente nesse ponto que é feita a divisão entre essas duas camadas: 32 a 40km abaixo da superfície terrestre e 5 a 10km sob os oceanos.


Apenas em tempos recentes que através da ciência da sismologia que foram encontradas áreas anômalas nessa região peculiar. Dentre as anomalias em especial há algumas que se destacam por serem potenciais biomas autossustentáveis. Com tais varreduras foi possível rastrear espaço ocos mostrando grandes vales, picos dentro desses vales, como se fossem montanhas, áreas com menor densidade que o que a rodeia, ou seja, grandes bolhas geológicas. Territórios de proporções monumentais. Entretanto, há de se ressaltar que algumas dessas regiões são totalmente tomadas por água, isso é detectável devido à densidade rastreada, por vezes o preenchimento é também magma, e os mais interessantes, em vários casos são grandes bolsões de ar, oxigênio.


É fato que cavernas e grandes formações de túneis ou minas de sal sobem grandes quantidades de ar para a superfície, um efeito que tem em sua matemática líquidos e água superaquecidos, e estão sempre procurando escapes de pressão acumulada através da crosta. Uma forma bem palpável de entender como esses espaços ocos mantêm suprimento de oxigênio preso ou circulando dentro de si.



Essa região teve o nome encurtado para Moho. É uma estrutura que apresenta anomalias de espaços ocos não apenas em locais específicos, mas por todo o planeta. Fato esse que não passa desapercebido das nações. Uma vez que, os Estados Unidos mostra um grande interessa a quaisquer assuntos voltados para esse campo, a geologia, tanto que em seus regimentos e leis de direito de liberdade de expressão há adendos que dão poder pleno ao Estado de intervir e censurar qualquer pesquisa, publicação e/ou estudo voltado para a geologia, o que foi o caso do livro Adão e Eva de 1963.


Livro: The Adam and Eve Story, The History of Cataclysms – tradução literal: A História de Adão e Eva – A História do Cataclismo, teoricamente sem potencial ofensivo, foi censurado pela CIA – Central Intelligence Agency, a agência de inteligência dos EUA logo após ser lançado em 1963-65. Em 2019, de acordo com o ato de liberdade de expressão de 2013, a CIA liberou mais de 20 páginas de documentos censurados e secretos, entre eles uma versão toda cortada desse livro.


Mott exemplifica sobre os olhos atentos dos países e seus comandantes que já tentaram perfurar a crosta para chegarem até um desses bolsões de ar na região do Moho, onde possivelmente guarda ecossistemas inteiros, milenares, e totalmente separados da interação com o resto do mundo. Como o desconhecido é sempre foco de interesse, uma vez que a regra é clara, o primeiro que descobre também passa a ser o primeiro a explorar os recursos.


Ainda segundo o que autor Michael Mott estabelece em seu livro, o interesse é tamanho nessa misteriosa região do Moho, que por vezes alguns países procuraram chegar a esses níveis, e os objetivos poderiam até ser outros, mas à priori seria para aplicações de fins bélicos militares. Ainda narra que houve a tentativa da marinha norte-americana de chegar até essa profundidade, um dos espaços que segundo as varreduras indicavam preenchimento por oxigênio, e o mesmo aconteceu com os russos, e supostamente nenhuma das duas nações tiveram sucesso em chegar até essa subcamada terrestre.


Ainda assim, fica claro que muito mais necessita de exploração e pesquisa para descartar quaisquer teorias e mitos de forma totalitária e trata-los com a devida análise aprofundada que merecem. Uma vez que por mais mirabolantes que possam parecer as lendas, os antepassados humanos por vezes se provaram antigos, mas nada primitivos.


Na parte 4 dessa série exploraremos UM ESTUDO DE CASO: MITOLOGIA DO MAIOR MITO, entre outros tópicos.


Autor: Maik Bárbara


FONTES

*livros citados no corpo da matéria Caverns, Cauldrons, and Concealed Creatures: A Study of Subterranean Mysteries in History, Folklore, and Myth, Michael Mott, 2011

Ato de Liberdade de Expressão: EUA - Livro censurado pela CIA (ainda tem censura, págians removidas, texto marcado com tarjar pretas para ocultar o texto, mas ainda assim muito interessante): https://www.cia.gov/library/readingroom/docs/CIA-RDP79B00752A000300070001-8.pdf





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