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Foto do escritorMaik Bárbara

O Engano Lógico: Lendo a História sob Vieses Cognitivos

Um viés cognitivo pode ser perigoso ou não, mas na maioria das vezes proporciona mais malefícios do que qualquer outra coisa. Veja a seguir como não ser enganado por outros e até você mesmo.
Viés Cognitivo os olhos vêm, mas a mente não compreende

Um viés cognitivo é um padrão de distorção de julgamento que ocorre em situações particulares, levando à distorção perceptiva, ao julgamento pouco acurado, à interpretação ilógica, ou ao que é amplamente chamado de irracionalidade.

Uma lista longa e em constante crescimento de vieses cognitivos tem sido identificada nas últimas seis décadas de pesquisas acerca do julgamento humano e tomada de decisões na ciência cognitiva, na psicologia social, na economia comportamental e todas as áreas das ciências da humanidade.

No entanto, uma questão aberta é se esses vieses devem ser considerados como um conjunto de falhas de raciocínio, erros de memória, interpretações distorcidas, ou se devem ser considerados como uma parte normal da cognição humana.


Nos estudos do passado humano, além da lógica da pesquisa científica e mecanismos teóricos elaborados por décadas que já passam de século de refinamento teórico, também temos a capacidade de continuar evoluindo os métodos a fim de elaborar de forma correta toda e qualquer nova teoria, evitando tanto falácias quanto vieses cognitivos.


Porém quanto ao campo da história geral, se houver pouco conhecimento de causa, visões superficiais podem levar ao engano. E por vezes historiadores e arqueólogos se deparam com amantes do passado humano e estudiosos por hobby aclamando sobre assuntos que não dominam e tão menos conhecem todos os parâmetros das perspectivas que envolvem tudo que deveria ser sabido para que qualquer divulgação temática pudesse ser feita, seja ele em qual canal de comunicação for.


Os vieses cognitivos são tão vastos em tipos e variações interpretativas que desde o início dos estudos acerca desse tema entre as décadas de 60 e 70 do século XX, vem sendo divididos em várias categorias, incluindo vieses de expectativa, vieses de atenção, de percepção, memória, raciocínio e vieses de tomadas de decisões, um dos mais perigosos existentes.

Alguns exemplos de vieses cognitivos mais comuns e fáceis de serem identificados incluem o viés de confirmação, o viés de seleção, de atenção, recordação, comparação, representatividade, o viés de sequência lógica e o viés de probabilidade.


Enquanto alguns vieses cognitivos são inerentemente negativos, levando à tomada de decisões questionáveis, há também o outro lado da moeda, e outros são considerados até positivos, pois podem ajudar às pessoas a tomar decisões mais rápidas e eficientes. Atalhos mentais que o cérebro usa para economia de energia.


Num exemplo simples: o viés de confirmação é considerado um viés cognitivo negativo, pois pode levar as pessoas a ignorarem evidências que contradizem suas crenças, enquanto o viés de seleção é considerado um viés cognitivo positivo, pois pode ajudar as pessoas a se concentrarem em informações relevantes e ignorarem informações desnecessárias.

História deve ser estudada e não depende de fé ou crenças, sendo assim, ao se deparar com divulgadores de temas relevantes a fatos passados, o método de estudo sempre deve ser levado a considerar provas e evidências, e nunca a falácias e/ou vieses dentro das crenças do interlocutor. O método científico oferece caminhos para evitar as armadilhas cognitivas, isso de forma simples e direta. Em resumo o método parte de uma hipótese, somadas a outras hipóteses coerentes com a primeiras, e que podem ser comprovadas por outros teóricos e pesquisadores de campo. Depois de várias hipóteses comprovadas, esse conglomerado desempenha o alicerce para algo que chamamos de TEORIA.

Portanto, quando ver ou ouvir falar de uma TEORIA, então procure pelas hipóteses que constituem as teorias e as bases de evidências dentro de cada hipótese. Então, sim, você terá condições de conferir um material realmente autêntico e sem vieses cognitivos ou falácias distorcendo as coisas.


Apesar de serem indesejáveis, os vieses cognitivos são inerentes à natureza humana e, portanto, são extremamente difíceis de evitar. No entanto, a consciência dos vieses cognitivos pode ajudar as pessoas a tomarem decisões mais informadas e, assim, minimizar o impacto negativo desses vieses.


Então fique de olho em alguns tipos e exemplos descritos abaixo para não ser enganado tão fácil daqui para frente:


• O viés de confirmação é um viés cognitivo que ocorre quando as pessoas buscam, interpretam ou lembram de informações de maneira tal que confirme suas crenças ou hipóteses. Esse viés pode levar as pessoas a ignorarem evidências que contradizem suas crenças, ou até a criarem narrativas que distorcem fatos em prol do que acredita e faz sentido com o que almeja como hipótese.



• O viés cognitivo de seleção ocorre quando indivíduos se concentram apenas nas informações que confirmam suas crenças e hipóteses, fruto de atenção seletiva. Enquanto favorecem algumas informações, ao mesmo tempo ignoram o que contradiz suas crenças, e por vezes trabalham em prol de criar novas narrativas para justificar o injustificável. Esse viés pode levar as pessoas a tomarem decisões baseadas em informações incompletas ou distorcidas. Por isso a necessidade de um método de estudo, coerente e coeso, que ajude ao estudante a verificar assuntos de todas as perspectivas possíveis.


• O viés de atenção é um que ocorre quando as pessoas prestam mais atenção às informações que confirmam suas crenças e hipóteses, enquanto ignoram as informações que as contradizem. Muito parecido com o viés de seleção, por pequenas nuanças a depender dos interlocutores e tipo de complexidade do tópico abordado. É também uma ferramenta para pessoas que percebem esse tipo de viés e usam de habilidade didáticas e desenvoltura oral para enganar e ludibriar.


• O viés cognitivo de recordação acontece a partir do momento que os indivíduos tendem a lembrar mais facilmente das informações que confirmam suas crenças e hipóteses, enquanto ignoram as informações que as contradizem. Em posterior verificações mentais de tópico, a memória age em prol do que ele acredita, e não das evidências gerais que envolvem a hipótese. Esse viés pode levar a decisões baseadas em informações incompletas ou distorcidas, tal como quase todos os vieses negativos.

• O viés de comparação é um viés cognitivo que ocorre quando as pessoas tendem a comparar as informações que confirmam suas crenças e hipóteses com as informações que as contradizem. Esse viés pode levar as pessoas a tomarem decisões baseadas em informações incompletas ou distorcidas.


• O viés de representatividade é um dos curiosos. Esses praticantes desse viés cognitivo tendem a atribuir mais probabilidade às coisas que são semelhantes às suas crenças e hipóteses do que às que são diferentes delas. Favorecendo mais o que desejam do que de fato se resumem os fatos. Teorias no campo da história longamente aceitas passam até por décadas esperando até que várias hipóteses sejam comprovadas e colocadas à prova, e enfim criam bases para uma nova teoria mais aceita. Logo, esse é o motivo para uma nova teoria delongar tanto para ser aceita no meio científico: hipóteses devem ser verificadas e exaustivamente testadas, só assim podemos eliminar falácias e ter evidências suficientes para que de fato o revisionismo histórico possa acontecer.

• O viés de sequência lógica é algo até parecido com algumas falácias, e por vezes podem ser confundidos, pois ele ocorre quando o individuo tende a seguir uma lógica interna consistente, mesmo quando essa lógica é absurda. A partir daí a lógica passa a ser ilógica, mas no conceito mental do individuo sua linha de raciocínio é no máximo único e peculiar, porém nunca errada.


• O viés de probabilidade acontece quando alguém subestima as chances de eventos negativos acontecerem e a superestimar as chances de eventos positivos acontecerem. Esse viés pode levar à falência de bens e até a outros tipos de perdas. Ele também é responsável por erros grotescos, porém até aparentemente inteligentes, ou seja, o início de uma falácia pode ocorrer com o suporte do viés de probabilidade.

Além desses há inúmeros outros. O mapeamento é extenso e há fontes na internet por todos os lados. Uma ótima forma de passar o tempo e evitar ser enganado por outros e até por você mesmo é estudar um pouco mais sobre cada tema que deseja aprender. Além de também tentar evitar as pílulas de conhecimento fraco e superficial embalado em forma de vídeos de reels, shorts e tiktoks, que desejam apenas um ponto a mais de audiência e monetização: a trend que estiver em alta é o que merece atenção deles, e só se fala o que o público quer ouvir. Afinal de contas: o cliente sempre tem razão.

E como tudo que tem um lado ruim, também há o lado do copo meio cheio: as redes sociais podem ser ótimos iniciativos de divulgação científica. Cabe a nós selecionar as melhores opções.

Se exigirmos mais e melhor, entregarão mais e melhor.

Se não exigirmos, tudo continuará raso e suscetível a erros.


Bora aprendermos juntos?


Fontes

www.psychologytoday.com/ca/basics/cognitive-bias

www.verywellmind.com/what-are-cognitive-biases-2795087

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