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Foto do escritorEdson Almeida

The London Hammer - O Martelo de Milhões de Anos

Atualizado: 1 de nov. de 2023


O objeto, que possui uma cabeça de metal feita de ferro com 96% de pureza, está incrustado em uma rocha de arenito que dataria de aproximadamente 400 milhões de anos. Como é possível que um martelo de ferro tenha sido preservado em rochas tão antigas, muito antes da existência humana?

O "London Hammer" (Martelo de Londres), também conhecido como "London Artifact" (Artefato de Londres) é um objeto que intrigou entusiastas por décadas. O Item foi encontrado em 1936 pelo casal Max Hahn e Emma Zadok, em uma região remota do Texas. Algumas versões da história afirmam que o casal encontrou item em uma trilha próxima a uma mina de carvão, mas na verdade, o registro de Max é de que a pedra estava dentro de da mina de carvão, mina esta que havia sido abandonada há 70, após ter sido inundada.

O item, porém, estava em sua forma "original", uma Concreção, ou seja, uma massa dura e compacta formada pela precipitação de minerais ao redor de outros minerais já precipitados anteriormente, ou em volta de qualquer objeto.

The London Hammer

As concreções são frequentemente de forma ovóide ou esférica, embora também ocorram formas irregulares. A palavra 'concreção' é derivada do latim concretio "(ato de) compactar, condensar, congelar, unir", em si de con que significa 'junto' e crescere que significa "crescer". Concreções se formam dentro de camadas de estratos sedimentares que já foram depositados. Eles geralmente se formam antes que o resto do sedimento se transforme em rocha. Este 'cimento de concreção" geralmente torna a concreção mais dura e mais resistente às intempéries do que o estrato hospedeiro.

Exemplos de Concreção Natural e suas diversas formas.

Em resumo, em 1936, o casal encontrou uma pedra de arenito, descrita como arredondada e pesando entre 12 e 13 kg. Onze anos depois, em 1947, Harold Buffler, um geólogo local, amigo do casal, avistou a pedra enquanto passeava com Max pela propriedade, e logo notou que era uma concreção, e não uma rocha comum. Buffler pediu permissão a Harold para examinar a formação, afirmando que provavelmente poderia haver um fóssil no centro.

Não há registros fotográficos do momento da abertura da concreção em questão, mas temos registros dos restos da formação, deixados por Buffler no ato. Foto: Mitch Lehner. 1992

Ao examinar a formação, Buffler notou rachaduras, que com pouca força, acabaram por abrir mais, a ponto de rachar a pedra, que dividiu-se revelando um martelo com cabeça de ferro e parte do cabo ainda preservado em seu interior.

Por ser um geólogo e conhecer as concreções muito bem, Buffler sabia do que se tratava, por isso, não fez alarde algum, apenas guardou o artefato em seu porão, onde ficou por 4 décadas.

O item só veio ganhar notoriedade e se tornar alvo de conspirações e hipóteses infundadas na década de 80, após a morte de Buffler, quando foi comprado por um criacionista da "Terra jovem" chamado Carl Baugh, que alegou que o artefato era uma "descoberta monumental pré-diluviana'". Baugh afirmou que a rocha em volta do martelo datava de 400 milhões de anos e portanto, o martelo era a prova de que há 400 milhões de anos já havia uma humanidade evoluída a ponto de utilizar ferramentas.

A Verdade

Como vocês sabem, gosto de ser direto, então serei.

Não é nada disso. O London Hammer, que tem 15 centímetros de comprimento e 25 mm de largura, com uma seção transversal octogonal, é um pequeno martelo de forja comumente utilizado em minas no começo dos anos 1800. Também existem registros do mesmo tipo de martelo sendo utilizado para ferrar cavalos. O teor de enxofre do ferro nos diz que foi forjado no século 18, ou início do século 19, usando carvão e o processo de Bloomery.

A pedra ao redor é ainda mais jovem, uma concreção ferrosa que se forma em dezenas anos em qualquer lugar em que o ferro tenha sido deixado em contato com o solo, a água e os minerais reativos. O Texas é conhecido por seu Arenito Ordoviciano, uma rocha macia e solúvel, feita de carbonato de cálcio, e a água da superfície nessas áreas carrega minerais lavados das rochas e, quando encontram o ferro ou qualquer outro mineral já formado, reagem com ele, grudando em seu exterior.

Diferentes métodos de identificação da formação de uma concreção de Carbonato de Cálcio

Mais exemplos de concreção natural.

Isso, ocorrendo por dezenas de anos, cria concreções, é simples, como nas estalagmites e estalactites, que são resultado do mesmo processo, porém, em cavernas. Temos, inclusive, ursinhos de pelúcia "petrificados" em menos de 3 meses na Mother Shiptons Cave - Inglaterra.

Ursinhos de pelúcia "petrificados" na cachoeira da Mother Shipton's Cave. A água que flui constantemente é rica em carbonato de cálcio e sulfato de cálcio, que cristaliza nos objetos e os endurece gradualmente.

Fotografia de 1947, pessoal pendurando coisas para serem petrificadas pelas águas ricas em minerais na Mother Shiptons Cave

Como já dito e demonstrado, as concreções podem se formar muito rapidamente, apenas a partir da precipitação de qualquer número de minerais solúveis em torno de um núcleo, sendo um fóssil, objeto ou mineral, porém, formam crostas bastante espetaculares quando óxidos de ferro, solo e outros precipitados se combinam em torno de um pedaço de ferro perdido, ainda mais, dentro de uma mina, de carvão, que como sabemos, é rica em minerais.

Este é um fenômeno comum, conhecido por qualquer pessoa com o conhecimento mais superficial da geologia.

Outra concreções de áreas próximas a UTAH.

Aqui está uma concreção formada na água do mar em torno de um prego de ferro de um navio:

Aqui, temos uma concreção em torno de um par de pinças:

Tais concreções também se formam em terra seca. Aqui estão algumas concretizações em torno de uma velas de ignição Champion, de 1920, o mesmo tipo usado nos primeiros Modelos-Ts.

Aqui, uma concreção nas balas de canhão de um navio do século XVIII (Rooswijk -1740).

Chega de Concreções, se você não se convenceu até agora, não se convencerá.

Conclusão O item foi comprado nos anos 80 por Carl Baugh, dono e fundador do Creation Evidence Museum, um museu dedicado á crença sobre o criacionismo bíblico. Isto é importante, pois o martelo ainda possui o seu cabo de madeira, o que possibilita o teste de carbono-14, porém, Carl, como dono do objeto, se recusa a submeter o item ao teste.

Mais de 16 universidades tentam há anos convencer Carl a submeter uma pequena lasca do cabo do martelo para realizar o tão esperado teste, porém, ele nunca permite, provavelmente porque sabe que o resultado conflitará com suas afirmações. Sendo assim, se não podemos contar com o c-14 neste caso, temos que analisar o que temos, ou seja, o dados listados neste artigo.

Tais dados e imagens, sem sombra de dúvidas, nos mostram que o Martelo de Londres é na verdade um martelo comum, forjado há cerca de 200-250 anos atrás, deixado para trás dentro de uma mina que foi abandonada após ter sido inundada, nos anos 1860.

Diferentes tipos de martelos utilizados por mineiros do sec. XVII - Alguns tem a exata forma do London Hammer

A rocha que encrusta o objeto não tem 400 milhões de anos, é um fino arenito formado por camadas e camadas de carbonato de cálcio, abundante nas paredes de minas de carvão. A inundação da mina contribuiu para que o aluvião mineral se encrostasse rapidamente ao redor do item, por conta da reação química entre os minerais, o ferro e a água.

Não enferrujou, por completo, pois não houve tempo, em alguns meses de água passando pelo objeto, seu exterior já estava totalmente revestido, ou cristalizado, se preferir. Com o passar dos anos e décadas, mais minerais foram se juntando ao exterior da concreção, até que ela foi encontrada pelo casal e retirada da mina.

Como vimos, muito do que se vê na internet como "mistérios" e "enigmas", na verdade são coisas comuns, já conhecidas pela ciência há tempos. Os que passam tais informações como sendo "Objetos fora do lugar" ou enigmas, na verdade, estão apenas sofrendo de falta de conhecimento de causa, falta de estudos e principalmente, falta do método cientifico em suas "pesquisas".

É bastante comum Youtubers que se dizem historiadores, fazendo vídeos afirmando que este e outros itens tidos como Ooparts são um grande mistério. Estes, na verdade, estão apenas confirmando sua falta de conhecimento e a fragilidade, até infantilidade, de suas "pesquisas"

Bibliografia:

Helfinstine, Robert F; Roth, Jerry D. "Texas Tracks and Artifacts" - (2007)

"If I Had a Hammer". National Center for Science Education Inc - (1995)

A. C. Middleton. "The London Hammer" - (2015)


https://www.youtube.com/@contextologia

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