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Foto do escritorMaik Bárbara

NEANDERTAIS: A Extinção Com e Sem Explicação



A extinção do Homo Neanderthalensis é um tema fascinante que intriga os cientistas há anos, e as pesquisas recentes desmistificam cada vez mais os falsos dogmas levantados por filmes e mal-entendidos alimentados por anos na cultura popular desinformada.

Tome como os exemples das pesquisas mais recentes no campo, datadas de 2018 até hoje: o homo sapiens migrou da África para a Europa há cerca de 45.000 anos, e acredita-se que isso tenha desempenhado um papel significativo na extinção dos neandertais, mas talvez não consigamos compreender com clareza e em sua totalidade em quantas esferas isso aconteceu. Dentre as hipóteses mais aceitas, propõe-se que os neandertais foram empurrados para fortalezas nas montanhas em lugares como a Croácia, a Península Ibérica e a Crimeia, e finalmente foram extintos há cerca de 25.000 anos. Todavia, esse “empurrados” arremete a um movimento migratório para regiões além de onde já estavam, pois eles foram os primeiros a deixarem a região africana e seus berços originais.

Embora existam várias hipóteses sobre as causas da extinção dos neandertais, incluindo violência, transmissão de doenças por humanoides diferentes e mudanças climáticas, permanece um mistério por que essa espécie desapareceu depois de ter sobrevivido por mais de 350.000 anos. As respostas para essa e outras questões estão presentes apenas nessas pesquisas mais recentes, porém são frutos de descobertas que contrariam algumas premissas das hipóteses já propostas, e promovem um grande revisionismo histórico no campo da paleoarqueologia e esclarecimentos para o público em geral (não especialistas), onde, por exemplo, mostram que os neandertais eram tão inteligentes, fortes, ágeis e semelhantes ao homo sapiens dos aspectos cognitivos quanto somos hoje, o que coloca barreiras para justificar alguns antigos argumentos dos motivos da extinção desse gênero homo.

O artigo Interbreeding Among Neanderthals and Anatomically Modern Humans – ou em tradução literal: Cruzamento entre Neandertais e Humanos Anatomicamente Modernos, o autor Sánchez-Quinto propõe que o homo sapiens pode ter sido responsável pela extinção dos neandertais por meio do cruzamento, e não da violência. O estudo sugere que o homo sapiens e os neandertais não eram tão diferentes quanto se pensava anteriormente e que o cruzamento entre as duas espécies poderia ter levado ao eventual desaparecimento dos neandertais, uma vez que mutações genéticas inviabilizariam a reprodução futuro dos neandertais entre si. Princípios da disparidade na quantidade entre homens e mulheres, poderiam auxiliar nisso, somando com costumes culturais também ajudariam no movimento de diminuição das populações, haja vista que os neandertais jovens, crianças eram constantemente criados por outros senão seus pais biológicos, isso acontecia, pois a morte na juventude de um homem caçador não era novidade, e por vezes a expectativa de longevidade era baixa. Já as mulheres sem um parceiro não se reproduziram mais, ou teriam de procriar com outro, porém esse aspecto ainda não é tão conhecido para compreender se acontecia ou não. O que se sabe é que os neandertais foram os primeiros humanos a praticar o enterro dos corpos dos seus semelhantes, o que prova terem senso de proteção, apreço e pensamento cognitivo avançado, aproximando-os cada vez mais com os aspectos mentais dos homo sapiens. Muito mais do que se pensava.

Mais baixos, porém musculosos e com vantagens vasculares para se manter quentes ou recuperação rápida, era primordial para os neandertais em sua competitividade contra os sapiens em disputas de territórios e realocações em regiões de climas extremos.

Conforme descrito em vários artigos de autores científicos, os padrões de migração do homo neanderthalensis foram principalmente dentro da Europa, com fortalezas em regiões montanhosas, o que promoveu uma grande adaptabilidade biológica ao passar das gerações, criando humanos de 1,60m de altura, de corpos musculosos e parrudos, mulheres com costas e dorsais grandes, pois eram elas que arrastavam as caças pesadas para dentro das cavernas e trabalhavam a carcaça, e homens ágeis e com corpos brutos, bíceps superdesenvolvidos e braços fortes, uma vez que suas caças eram grandes e fortes animais, suas lanças eram mais pesadas que as dos sapiens e seus estilo de caça era atacar em distancias maiores que as técnicas dos sapiens. Acredita-se que os últimos neandertais foram aqueles encontrados na Península Ibérica. À medida que o homo sapiens migrou para a Europa, os fragmentos arqueológicos apontam que eles tenham superado os neandertais através de recursos e habilidades, adaptando-se melhor às mudanças climáticas e à alteração geográficas devido à subida dos níveis dos mares, e alteração das temperaturas, além do domínio de regiões estratégicas, e levando assim à gradativa e ao milenar processo que os levou à extinção.

MIGRAÇÃO

Os neandertais foram uma espécie difundida na Europa e na Ásia Ocidental por muito tempo, começando há cerca de 400.000 anos. No entanto, apenas alguns milhares de anos depois que os humanos modernos se mudaram para a Europa seguindo quase o mesmo caminho que seus primos, um movimento que culminou na gradativa diminuição do número de neandertais, indo até o ponto de extinção.

A teoria atual sugere que eles foram extintos há cerca de 40.000 anos, e além do fatos genético, a combinação de fatores, incluindo violência, transmissão de doenças de humanos modernos para os quais os neandertais não tinham imunidade, desvantagem competitiva e mudanças climáticas bruscas, podem ter contribuído para o desaparecimento desses humanos.

Um homo de neandertal típico durante dezenas de milhares de anos.

Existem evidências da ocupação neandertal em vários locais da Europa e da Ásia Ocidental, como as cavernas de Gibraltar, Península Ibérica, França, Alemanha e região do Cáucaso. No entanto, os locais exatos onde provavelmente foram extintos permanecem incertos. Pois fatores externos provocaram migrações e a morte gradativa daqueles que permaneceram sem migrar, tal como os da região das cavernas Gilbratar, que sofreram com a perda territorial pelo aumento dos níveis dos mares através dos séculos de enchentes gradativas até chegarem nos níveis atuais, e mudanças de temperatura. Alguns estudos e achados de ossadas sugerem que eles sobreviveram em pequenos bolsões na Península Ibérica e no Cáucaso, enquanto outros argumentam que desapareceram completamente a partir de certo ponto onde não mais havia mudança brusca do meio-ambiente.

Ritual funerário de um Neandertal de 50.000 anos de idade. Provando o cuidado dos seus entes ao enterrá-lo e colocarem areia e outros substratos para preservar o corpo contra insetos e animais carniceiros. Evolução cognitiva demonstrada de uma época e espécie que não se acreditava ter esse avança a tanto tempo.

CITAÇÃO

Os neandertais eram uma espécie antiga de humanos primitivos, que deixaram para trás apenas traços fracos de seus genes em pessoas modernas de ascendência não africana. O novo estudo de costumes fúnebres liderado pelo paleontólogo da Universidade de Nova York William Rendu, encerra um debate de longa data sobre o local do Neandertal e seus restos.

"Tem havido uma tendência entre os pesquisadores que trabalham neste tópico para descartar todas as evidências provenientes de escavações antigas apenas porque as escavações foram feitas há muito tempo", disse Francesco d'Errico, arqueólogo da Universidade de Bordeaux, na França, que não esteve envolvido diretamente à pesquisa acima, mas está no mesmo campo, além de dividir da mesma linha de investigação.

Apesar do desaparecimento de sua espécie, vestígios fascinantes de neandertais podem ser encontrados no material genético de alguns humanos modernos. Até 4% do DNA de sapiens modernos não africanos vêm de neandertais, sugerindo que ocorreu cruzamento entre as duas espécies dezenas de milênios atrás que à partir da população da época, os sobreviventes se procriaram ao ponto das descendências terem criado povos inteiros de determinadas regiões da Terra.

Ainda em estudos no campo do mapeamento genético à partir de restos de DNA mitocondrial presente nos ossos neandertais conservados até hoje, também sugerem que os neandertais eram extremamente inteligentes, possuíam senso de coletividade e reciprocidade, tinham corpos fortes, parrudos, mas não perdiam agilidade por isso, a densidade óssea também era alta, tal como é da variável sapiens atual dos africanos e afrodescendentes, além das semelhanças ao homo sapiens atual em quase 100% de seus aspectos cognitivos. Ou seja, a imagens de um neandertal com baixo QI e anestesiado contra a evolução é altamente errada, propagada por má informação hollywoodiana e péssimas “pesquisas” rasas de projetos de internautas procurando views e audiência através do impressionismo que podem causar em um determinado público-alvo.

DESCOBERTAS RECENTES

Estudos recentes lançaram luz sobre as possíveis diferenças na produção de neurônios entre os humanos modernos e os neandertais, sugerindo que os sapiens modernos podem ter sido cognitivamente superiores em diversos aspectos, não totalmente como se imaginava, mas em vários. Talvez o suficiente para apontar superioridade em disputas. No entanto, é importante notar que os neandertais não careciam de força, agilidade ou outras capacidades físicas. Na verdade, eles estavam bem adaptados a seus ambientes frios e secos, haja vista que corpos mais musculosos retêm o calor com maior facilidade e voltam a vascularização normal do fluxo sanguíneo para se aquecerem muito mais rápidos que corpos mais altos e desprovidos de tanta massa magra. Além de possuírem características faciais distintas, a sua constituição atarracada os davam vantagens impares.

Apesar dessas diferenças físicas, pesquisas recentes mostraram que os neandertais não ficaram muito atrás dos humanos modernos em habilidades cognitivas, com semelhanças quase em sua totalidade aos aspectos cognitivos. Essas conclusões partem da análise de crânios e posições da massa do cérebro e demais aspectos que recém os centro dos pensamentos humanos. Inclusive são sobre essas análises que brotaram o conhecimento de que os neandertais tinham um visão no mínimo de 2 a 3 vezes melhor que a dos sapiens, dando-os vantagens para caçadas e demais tarefas de batalha que com certeza faziam toda a diferença. Isso ocorreu devido ao alongamento natural avantajado que tinham na parte de trás do crânio.

Essas descobertas desafiam a visão de longa data de que os neandertais eram intelectualmente atrasados e inferiores aos humanos modernos, ou sapiens da época, e sugerem que sua extinção pode ter ocorrido devido a outros fatores mais fortes que apenas a disparidade entre as subespécies, como competição por recursos ou mudanças ambientais.

Citando os artigos científicos listados na bibliografia nesse artigo, é evidente que o estudo dos neandertais e sua extinção é um tópico fascinante e contínuo, oferecendo insights sobre nossa própria história evolutiva e revoluções no entendimento desse tópico a cada nova temporada de escavações e investimento público e privado para que isso seja possível.

OS FINS DOS MEIOS

Em suma, a extinção dos neandertais tem sido objeto de debate há décadas, e permanecerá assim ainda por muito tempo. Sempre com pesquisadores explorando vários fatores, tal como mudança climática, alteração dos eixos magnéticos da Terra, competição com humanos modernos e isolamento genético. E uma das teorias que vêm ganhando força no meio acadêmico devido à análise multidisciplinar é a hipótese de que é que o cruzamento entre os neandertais e sapiens pode ter desempenhado um papel mais importante que os demais fatores em sua extinção. Os neandertais e os humanos modernos coexistiram geograficamente por mais de 30.000 anos, permitindo ampla oportunidade de cruzamento.

Supõe-se que os cruzamento podem ter dado início, ou acontecido em massa, quando os humanos modernos chegaram ao nível das tecnologias do Paleolítico Superior, fase entre 50.000 a.E.C. até 10.000 a.E.C, e migraram da África entraram em contato com os neandertais na Eurásia. Além disso, análise de DNA e estudos de genoma revelam que os neandertais contribuíram com até 1 a 4% dos genomas dos humanos modernos dessas regiões não-africanas, indicando que o cruzamento ocorreu.

Em um artigo publicado na Nature em 2018 intitulado The Rise and Fall of the Neanderthals, A Ascensão e Queda dos Neandertais - em tradução literal, os pesquisadores analisaram o genoma de uma mulher neandertal da Sibéria e constataram que sua mãe foi neandertal e um pai denisovano. Os denisovanos foram outro subgrupo de hominídeos contemporâneos dos neandertais e dos humanos modernos e cruzaram com ambos os grupos.

Essas descobertas sugerem que o cruzamento entre diferentes grupos de hominídeos era mais comum do que se pensava e poderia ter desempenhado um papel fundamental na diversidade genética dos humanos modernos. No entanto, o impacto exato do cruzamento na extinção dos neandertais continua um tópico de pesquisa em andamento.


Em conclusão, a extinção dos neandertais continua um tema fascinante e misterioso na antropologia e na ciência em geral sob a mais diversas áreas. Embora os locais exatos onde foram extintos sejam incertos e onde foram os últimos refúgios dos últimos neandertais também são desconhecidos, está claro que uma combinação de fatores, incluindo competição com sapiens e até outras subclasses de hominídeos, mudança climática, cruzamento entre espécies e transmissão de doenças, provavelmente desempenhou um papel importantíssimo longo processo de extinção da espécie. À medida que mais pesquisas forem realizadas, sem dúvida aprenderemos mais sobre essa espécie fascinante e seu papel na evolução humana.


Por MAIK BÁRBARA

FONTES BIBLIOGRÁFICAS GERAIS


Hublin, J. J. (2018). The Rise and Fall of the Neanderthals. Nature, 555 (7695), 31 - 32. https://doi.org/10.1038/d41586-018-02404-4


Sánchez-Quinto, F., et al. (2019). Sánchez-Quinto, F., et al. (2019). Interbreeding among Neanderthals and Anatomically modern humans.


Green RE, Krause J, Briggs AW, et al. A draft sequence of the Neandertal genome. Science. 2010 May 7; 328 (5979): 710 - 22.


Slon V, Mafessoni F, Vernot B, et al. The genome of the offspring of a Neanderthal mother and a Denisovan father. Nature. 2018 Aug; 560(7718): 236 - 239.


Higham, T. et al. The timing and spatiotemporal patterning of Neanderthal disappearance. Nature Ecology & Evolution 2, 2018, pp. 1353 - 1355.


Stringer, C. Why we're not Neanderthals. The Guardian, 2016.


Villa, P. et al. The makers of the Protoaurignacian and implications for Neandertal extinction. Science 365, 2019, pp. 310 - 314.


Woolley, P. From Neanderthal to Homo sapiens: The origins of human behavior. Journal of World Prehistory 22, 2009, pp. 281 - 292.


Hawks, J. The Neandertal in the karst: First fossil recognition in Slovenia. PLoS ONE 14(3), 2019, e0213192.


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