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  • Esfinge: Hipótese da Erosão por Água – FATO ou FICÇÃO

    Por séculos, a Grande Esfinge de Gizé tem sido um símbolo do poder e mistério do antigo Egito. Esculpida em um único bloco de calcário, a colossal estátua é um dos marcos mais reconhecidos do mundo. No entanto, por anos houve controvérsia sobre a causa da erosão nos arredores e na própria Esfinge, com alguns sugerindo que é erosão, e por consequência, causada por água. Nos últimos anos, no entanto, essa teoria foi desacreditada, pois não se sustenta pela falta de evidências aplicação do método científico para comprovar a proposta dessa hipótese, bem como por haver provas do contrário. O geólogo Colin Reader apresenta evidências que, por ironia do destino, “minam” a teoria da erosão por água. Ele argumenta que as evidências para a erosão por água são na verdade o resultado do intemperismo e não erosão do calcário do qual a Esfinge é feita. Para ficar claro, a concepção correta de ambos os termos faz toda a diferença em uma dissertação abarcando um assunto tão delicado como esse, portanto por definição a erosão segundo a geologia é: desgaste da superfície terrestre pela ação mecânica e química da água corrente, provenientes de chuvas ou outras fontes; ou de outros agentes geológicos. Já o termo intemperes, ou o intemperismo consiste no conjunto de processos mecânicos, químicos e biológicos que ocasionam a desintegração e a decomposição das rochas. Exemplo da fratura na rocha superficial que o efeito de flocagem pode acometer. Imagem de Robert Schneiker, local: Esfinge de Gizé, Egito. A pesquisa de Reader é baseada em uma detalhada e extensa análise da Esfinge e sua área circundante. Ele observa que o monumento é esculpido em um tipo de calcário que é altamente suscetível ao intemperismo, e que com o tempo, a exposição aos elementos promoveu com que os 3 tipos de densidades diferentes do calcário de composição do piso de rocha de onde foi esculpida a grande estatua se desintegre, gerando fissuras e o processo de flake surface, ou flocagem da superfície, abrindo assim fendas, ranhuras, criando falhas verticais e horizontais, e por fim soltando lascas das áreas mais superficiais. A proposta de hipótese de 1991 se popularizou nos últimos anos devido à grande disseminação que as redes sociais proporcionaram aos olhos não treinados de entusiastas do passado humano. Porém muito já foi publicado, e após 30 anos desde o início, muito já foi comprovadamente refutado. O termo geológico no inglês para esse fenômeno é weathering, ou em tradução literal, intemperismo, onde promove o efeito flocagem em áreas onde há severa exposição ao sol e ao vento, e ao mesmo tempo tem regiões que não sofrem desse mal, sendo assim no deserto, para regiões de solo rochoso e sem a presença de terra ou areia no subsolo, se torna um prato cheio para esse processo se unir a outro fator que causa a aparente ‘erosão por água’. A ideia de que a água foi responsável por criar erosão na Esfinge ganhou popularidade na década de 1990, quando o geólogo Robert Schoch argumentou fazendo tal alegação e levantando a hipótese. No entanto, Reader, assim como outros geólogos que tiveram tempo para isso, contestam essa proposta hipotética. Eles afirmam que o tipo de erosão que Schoch observou poderia ser explicado pelo intemperismo e que não há evidência de erosão por água na Esfinge, apenas especulação. Foto do início do séc. XX. Na imagem fica claro as fissuras marcantes nas costas da Esfinge. Em explicação complementada por diversos outros estudos geológicos que podem ser explorados na bibliografia desse artigo, um fato vastamente conhecido no meio acadêmico que descarta amplamente a hipótese da erosão por água. É o famigerado e bem conhecido processo complementar com as intemperes do planalto de Gizé: a haloclastia. O termo é um antigo conhecido dos geólogos de todo o mundo, que consiste no processo de fragmentação de rochas e minerais pela força de expansão de cristais salinos devido a crescimento cristalino, o que eleva seus efeitos com a reações por meio da hidratação desses cristais salinos e/ou expansão térmica, resultando assim em fraturas, fissuras e flocagem de superfície. Nada melhor que um planalto de piso rochoso do deserto para ter altas temperaturas diurnas, e baixas à noite. A umidade subterrânea promovida pelo Nilo, á profundidades que chegam a até 15 metros, somada com a proximidade com mar, e um solo que cerca de 45 milhões de anos atrás já foi solo oceânico, geram o perfeito cenário para a expansão dos cristais de sal que estão por entre as 3 camadas de rocha que compõem os arredores da esfinge e ela própria no seu miolo. O piso do planalto de Gizé foi inicialmente cavado para obtenção de rochas para a construção das pirâmides, mas logo os arquitetos egípcios antigos descobriram que ao se aprofundar na rocha, as camadas iam se mostrando com densidades e durezas diferentes, sempre mais fracas. A erosão por água sendo a causa responsável pelo aparente desgaste na Esfinge, tornou a teoria ainda é popular em alguns círculos, principalmente para o mundo digital que vivemos hoje, com informações chegando sempre em forma de pílulas de um minuto ou menos. Uma razão para essa popularidade é que a teoria foi abraçada por aqueles que acreditam na ideia de uma civilização perdida antiga, o que leva à argumentação de que a Esfinge foi construída por uma civilização que antecede o antigo Egito e a erosão na Esfinge é evidência de uma grande inundação que ocorreu há milhares de anos. Assim como nos dias atuais, a Esfinge de Gizé foi reformada por inúmeras vezes, no quadro acima, mesmo em inglês, é possível verificar a datação feita conforme os momentos da história egípcia. Embora essas teorias possam ser intrigantes, elas não se sustentam em evidência, tal como e mais vastamente exposto na matéria da edição 2 do Almanaque ArqueoHistória expõe com a Matéria: Ancient Apocalypse – Reescrevendo da História (Errada). Além disso, por haver pouco o que se utilizar para pesquisas que possam levar a esse resultado da erosão por água, as publicações que ocorrem são apenas de cunho literário, livros, e não em forma de artigos científicos. Pois, se fossem artigos científicos, o processo de pesquisa científica demandaria que outros geólogos, tanto quanto outras áreas corroborassem a hipótese em aceitação geral, pelos estudos e métodos oficiais. Se não há evidências, haverá apenas especulação, e esta sozinha nada influi. Nos últimos anos, houve um interesse renovado em de tudo isso: investimento governamental privado no estudo da Esfinge e da área circundante. Arqueólogos e geólogos estão trabalhando juntos para aprender mais ainda sobre a história do local e das pessoas, povos, dinastias que o construíram e reformaram através dos séculos. Ao examinar as camadas geológicas ao redor da Esfinge, os pesquisadores podem substancialmente determinar a idade do monumento e a história geológica da área circundante. A cabeça não é desproporcional ao corpo, ela apenas está sem os adornos característicos utilizados pelos Faraós da 4º dinastia. Um dos projetos mais notáveis é o Programa Giza Plateau Mapping Project, liderado pelo arqueólogo Mark Lehner. Este projeto tem como objetivo mapear e documentar o Planalto de Gizé, incluindo a Esfinge e as pirâmides, usando tecnologia de ponta, como levantamentos aéreos e radar de penetração no solo, o que está elevando, e muito, a compreensão dos pesquisadores sobre a construção e história do local sob uma visão geológica. Em outro artigo publicado na revista Geoarchaeology, Lehner e seus colegas afirmam de forma breve, porém assertiva, firme e comprovatória de que a erosão na Esfinge é o resultado do intemperismo natural e não de erosão por água. Eles observam que a análise geológica da área circundante mostra evidências de intemperismo e a erosão que existe, é a promovida pelo vento e atrito de areia com as camadas expostas das laterais do fosso e a própria esfinge. Ao fundo, a parede lateral, fruto de haloplastia. A pata traseira da figura antropomórfica da Esfinge e os tijolos de reformas dinásticas e falta das fissuras maiores nas costas, fruto de reformas do século passado. O presente interferindo no passado: até onde vai a veracidade dos fatos e estudos feitos apenas por observação de entusiastas curiosos? De acordo com Lehner e seus colegas, assim como inúmeros estudos e publicações oficiais (artigos científicos) do geólogo Robert Schneiker, a ideia de a Esfinge ter sido construída por uma civilização anterior ao antigo Egito é altamente improvável. Todos argumentam que as evidências arqueológicas e históricas mostram que a Esfinge foi construída no início da Quarta Dinastia, por volta de 2550 a.E.C., e ainda apontam que o estilo arquitetônico e a iconografia da Esfinge são consistentes com a cultura e a arte da época. Além disso há o fato do fosso que ela se encontrar hoje ser mais antigo que a estátua em si, pois a premissa mais aceita hoje é que o início da remoção de rochas para construção das pirâmides possa ter nascido ali, porém por ser uma área suscetível a inundações do Nilo e frágil composição de densidade, justamente pelo efeito de flocagem, haloclastia, os construtores e engenheiros possivelmente procuraram outro local para extração de rochas e abandonaram o fosso dando nosso propósito durante a 4ª dinastia. Os resultados das pesquisas observam que a dita “erosão” na Esfinge é consistente com a “erosão” que ocorreu em outras estruturas antigas na região. Ou seja, as análises de outros locais, como a Pirâmide de Djoser e a Pirâmide de Miquerinos, mostram padrões similares de deterioração por intemperismo, e os locais de extração das rochas para a produção dos monumentos tem tudo relacionado com as condições do fosso da esfinge. Isso sugere que os efeitos do tempo na Esfinge não são únicos e é simplesmente o resultado de processos naturais que estiveram em ação na área por milhares de anos. Lençóis freáticos umedecem o subterrâneo de Gizé, assim como por inúmeras vezes as antigas inundações do Nilo chegavam a acrescentar boa parte da umidade penetrante no piso do planalto. É valido lembrar que a Esfinge hoje tem um sistema de drenagem milionário patrocinado pelo governo dos Estados Unidos anos atrás, tudo para evitar ainda mais deterioração por ação da haloclastia. Apesar das evidências de que o intemperismo é a principal causa do desgaste peculiar e aparente na Esfinge, a teoria de erosão por água continua a ser popular em alguns círculos. Isso se deve em parte ao fato de que se encaixa em uma narrativa maior de civilizações perdidas e segredos antigos da história da humanidade, um tema até empolgante para não especialistas. No entanto, como Lehner, Schneiker e tantos outros observam, as evidências simplesmente não sustentam a hipótese pulicada pela primeira vez em 1991 (Robert Schoch e John Anthony West apresentaram seu artigo defendendo a proposta de hipótese no encontro anual da Geological Society of America em San Diego, Califórnia, EUA). Ao invés de procurar por fantasias, devemos nos concentrar na incrível conquista intelectual e arquitetônica dos gênios viventes na época dos antigos egípcios que mediante intelecto destacado e potencial de investimento, tempo e tradição religiosa construíram esses monumentos admirados nos dias de hoje, e até invejados, e criaram uma civilização que tem fascinado as pessoas por séculos. Em conclusão, a ideia de que a erosão por água é responsável pela corrosão na Esfinge foi completamente desacreditada por geólogos e arqueólogos nos últimos 30 anos, porém pouco se divulga nos nas mídias sociais, onde ficam a maioria dos curiosos e entusiastas não especialistas do assunto. As evidências mostram claramente que as formações peculiares são resultado do intemperismo, haloclastia, localidade especial e condições em relação a lençóis freáticos e proximidade com o Nilo; fruto dos processos naturais que estiveram em ação na área por milhares de anos. Ainda há muito a aprender sobre a Esfinge e seu significado para os antigos egípcios e as gerações milenares que vieram após sua construção. Como observa o arqueólogo Zahi Hawass, controverso em muitas das suas ações, porém ainda um egiptólogo que em um artigo para a revista National Geographic cita: A Esfinge é a personificação do sol em sua ascensão, no início do dia. Ele observa e aponta a figura da esfinge como importante na religião e mitologia egípcia, e completa apontando que sua imagem foi usada em amuletos e esculturas por milênios, o que é facilmente comprovado por artefatos expostos nos museus e coleções particulares. Hawass também observa que há muito a ser descoberto sobre a Esfinge e o Planalto de Gizé. Ele diserta que, embora as pirâmides sejam as estruturas mais famosas da região, elas são apenas uma parte de um complexo maior que inclui muitos outros monumentos e estruturas. Ele acredita que há muito mais a ser descoberto sobre a história e a cultura do antigo Egito, e que novas descobertas e pesquisas nos próximos anos continuarão a expandir nosso conhecimento do local. Ainda há muito a ser descoberto e aprendido sobre a história e cultura do intrigante antigo Egito. A Esfinge continua sendo uma figura icônica e misteriosa na paisagem do Planalto de Gizé, e sua imagem continua a fascinar e intrigar as pessoas de todo o mundo. Com mais pesquisas e descobertas, podemos esperar que nossa compreensão da Esfinge e do antigo Egito continue a crescer e evoluir, mas a erosão por água e alocação da construção do monumento na época que o Saara era ainda floresta estão cada vez mais distantes de se tornarem uma hipótese válida, haja vista a falta de comprovações, evidências e provas. Por Maik Bárbara @hipotesezero FONTES e ARTIGOS CIENTÍFICOS: Bunbury, J. M. (2009) Egypt and the Global Cooling Crisis. Ancient Egypt Magazine, 10 (1). pp. 50-55 Hawass, Zahi, and Mark Lehner. "Remnant of a Lost Civilization?" Archaeology 47, no. 5 (1994): 44-47 Schneiker, Robert. “The Great Sphinx: From the Eocene to the Anthropocene”, 2014 Moores, Robert G. “Evidence for Use of a Stone-Cutting Drag Saw by the Fourth Dynasty Egyptians.” Journal of the American Research Center in Egypt, vol. 28, 1991 Moshenska, Gabriel. "Alternative Archaeologies." In Key Concepts in Public Archaeology, edited by Moshenska Gabriel, 122-37. London: UCL Press, 2017 Kröpelin, S., et al. “Climate-Driven Ecosystem Succession in the Sahara: The Past 6000 Years.” Science, vol. 320, no. 5877, 2008, pp. 765-768 Hawass, Z., & Lehner, M. (1994). THE SPHINX: Who built it, And why? Archaeology, 47(5), 30-41 Scarre, Christopher. The Human Past: World Prehistory and the Development of Human Societies. Thames & Hudson, 2018 Manley, Bill. The Seventy Great Mysteries of Ancient Egypt. Thames & Hudson, 2003 Lal Gauri, K., Sinai, J. J. and Bandyopadhyay, J. K. (1995), Geologic weathering and its implications on the age of the sphinx. Geoarchaeology, 10: 119-133

  • 536 EC - O pior ano para ser vivido na face da Terra

    Os eventos climáticos extremos de 535-536 foram episódios de resfriamento de curto prazo mais severos e prolongados no Hemisfério Norte dos últimos 2.000 anos. Acredita-se que o evento tenha sido causado por um extenso véu de poeira na atmosfera, possivelmente causado por uma grande erupção vulcânica nos trópicos ou na Islândia. Seus efeitos foram extremamente extensos, causando clima fora de época e quebras de safra e fome em todo o mundo. 546 EC -- O Império Bizantino, ou Romano do Oriente, estava a pleno vapor no reinado de Justiniano I, O Grande. Nessa época, o historiador Bizantino Procópio ou Procópio de Cesareia, (Cesareia é um cidade na região da Palestina, construída por Herodes, o Grande), registrou em 536 EC em seu relatório sobre as guerras com os Vândalos "durante este ano ocorreu um terrível presságio, pois o sol emitia sua luz sem brilho ... e lembrava excessivamente com o sol no eclipse, pois os raios que ele emitia não eram claros". E não foi somente Procópio quem relatou esse evento catastrófico; em 538 EC, o estadista romano Cassiodoro também afirmou que a luz do sol era fraca e que as colheitas haviam falhado. Anos mais tarde, com o Império Bizantino, já sob o comando da Dinastia dos Paleólogos, Miguel, o Sírio (1126–1199), um patriarca da Igreja Ortodoxa Siríaca, registrou que durante 536–537 o sol brilhou fraco por um ano e meio. Nas Crônicas Irlandeses Gaélicos, os monges registraram o seguinte: Uma interrupção na produção de pão no ano 536 DC" - as Crônicas de Ulster "Uma interrupção na produção de pão dos anos 536-539 DC" - as Crônicas de Inisfallen A história irlandesa registra que " não havia mais pão para comer por volta de 536-539 " Outros fenômenos que foram relatados por uma série de fontes contemporâneas independentes: Baixas temperaturas, neve até durante o verão (a neve supostamente caiu em agosto na China, o que atrasou a colheita) As temperaturas de verão caíram de 1,5 para 2,5 graus Celsius, contribuindo para a década mais fria em 2.300 anos. Naquele verão, a neve caiu em solo chinês, as colheitas falharam e as pessoas lutaram contra a fome. Interrupções generalizadas de safra "Uma névoa densa e seca" no Oriente Médio, China e Europa Seca no Peru, que afetou a cultura Moche Em 541, a praga atingiu o porto de Pelúsio, às margens do Nilo, no Egito Mas não fica somente nas evidencias históricas ! Como evidencia cientifica, temos a análise dos anéis das árvores pelo dendrocronologista (método científico de datar os anéis das árvores no ano exato em que foram formados), Mike Baillie, da Queen's University de Belfast, mostra um crescimento anormalmente pequeno dos carvalho irlandês em 536 e outra queda acentuada em 542, após uma recuperação parcial. Desde que estudamos o anel de idade localizado dentro do tronco da árvore, descobrindo que 540 era excepcionalmente frio, os pesquisadores têm buscado constantemente por respostas. Três anos atrás, núcleos de gelo da Groenlândia e da Antártida nos deram algumas evidências: quando o vulcão entrou em erupção, expeliu enxofre, bismuto e outras matérias na atmosfera, criando uma camada de luz solar. É por isso que a Terra esfria. Os núcleos de gelo da Groenlândia e da Antártica mostram evidências de depósitos substâncias sulfato em torno de 534 ± 2, o que é evidência de um extenso véu de poeira ácida. O evento de 536 e a fome que se seguiu, foram sugeridos como uma explicação para o depósito de reservas de ouro pelas elites Escandinavas no final do Período de Migração, já que o ouro era possivelmente usado como um sacrifício para apaziguar os deuses e recuperar a luz do sol. Eventos mitológicos como o Fimbulwinter e o Ragnarök são teorizados como baseados na memória cultural do evento. Como consequencias relatadas em outras partes do mundo, tivemos: O declínio de Teotihuacán, uma grande cidade da Mesoamérica, também está associado às secas relacionadas às mudanças climáticas, com sinais de agitação civil e as fomes. Um livro escrito por David Keys especula que as mudanças climáticas contribuíram para vários eventos, como o surgimento da Peste de Justiniano (541–549 EC). Conhecida como Pandemia Justiniana, ela se espalhou rapidamente, destruindo de um terço a metade da população do Império Romano do Oriente. O declínio dos Ávaros, (povo nômade da Eurásia que migrou para a Europa Central e Oriental no século VI EC) A migração das tribos Mongóis para o Ocidente O fim do o Império Sassânida (Império Persa) O colapso do Império Gupta A ascensão do Islã A expansão das tribos Turcas e a queda de Teotihuacán. Quando você pergunta ao historiador medieval Michael McCormick sobre o pior ano que o homem teve, você obtém "536". Surpreendentemente, figuras memoráveis ​​da história da humanidade não são mencionadas: como 1349, a Peste Negra – A Peste que destruiu metade da Europa ou em 1918, a gripe que matou entre 50 e 100 milhões de pessoas. Michael McCormick é historiador, arqueólogo e atualmente presidente do Leading Group for Science in Human Past, na Universidade de Harvard, certamente sua opinião tem peso. Na Europa, " foi o início do período mais difícil da história da humanidade, senão o pior ano ", disse McCormick. É um fato histórico importante, talvez servindo como um aviso para futuros viajantes do tempo. A névoa ainda cobre a verdade, literalmente: os cientistas ainda não sabem o que era a névoa que cobria todo o céu em 536. Por causa da natureza sombria de um longo período histórico, muitas vezes nos referimos a esse período de meados do século VI como a Idade das Trevas. ENCONTRANDO O CULPADO: Ainda estamos tentando resolver os mistérios daquele período, a fim de nos prepararmos para o que o futuro pode trazer. O próprio professor McCormick liderou um projeto para encontrar a resposta. Trabalhando com o glaciologista Paul Mayewski, do Instituto de Mudanças Climáticas da Universidade do Maine, eles analisaram com precisão o núcleo de gelo de 72 metros de diâmetro, retirado da geleira Colle Gnifetti, na Suíça, e encontraram o culpado. Em uma feira de ciências que aconteceu no campus de Harvard no início de novembro, a equipe anunciou o que havia encontrado: descobriram uma erupção vulcânica muito grande na Islândia que ocorreu no início de 536, expelindo fumaça e poeira cobrindo uma área de o céu do Hemisfério Norte. DESGRAÇA POUCA É BOBAGEM Duas outras grandes erupções que ocorreram em 540 e 547 combinaram a fumaça e a poeira com a erupção anterior e, quando combinadas com a peste furiosa, a Europa caiu. Nas palavras de Kyle Harper, presidente da Universidade de Oklahoma e também historiador romano e medieval, a evidência histórica registrada na fita "deu à humanidade um novo tipo de material, permitindo-nos entender e encadear cadeias de eventos para encontrar a causa da queda do poderoso Império Romano ". E quando há 3 grandes erupções vulcânicas ocorrendo muito próximas umas das outras, o tempo depois de 536 é difícil de viver. Felizmente quase tudo se resolve com o tempo, tudo voltou ao normal para a humanidade continuar vivendo. Vulcanologia da Islândia A Islândia tem uma forte concentração de vulcões devido a estar situada na zona de encontro da placa Eurasiática com a placa norte-americana, mais exatamente na Dorsal Mesoatlântica, uma cordilheira submarina que se estende sob o Oceano Atlântico e o Oceano Ártico, cujos pontos mais elevados emergem em vários locais, formando ilhas. Existem cerca de 130 montanhas vulcânicas, tendo 18 delas tido erupções desde que a ilha foi descoberta e colonizada por volta do ano 900. Os vulcões da Zona Este têm sido os mais ativos, com especial preponderância para Grímsvötn, Laki e Eyjafjallajökull. Zonas e sistemas vulcânicos da Islândia. *Zona Norte *Zona Este *Zona Oeste *Zona de Öræfajökull *Zona das Ilhas Vestmann *Zona das Snæfellsnes Os vulcões mais importantes são: Zona Norte - Askja, Herðubreið, Kolbeinsey, Krafla, Kverkfjöll Zona Este - Bárðarbunga, Eyjafjallajökull, Grímsvötn, Hekla, Katla, Laki, Vatnajökull Zona Oeste – Ok, Skjaldbreiður Zona de Öræfajökull - Öræfajökull Zona das Ilhas Vestmann - Eldfell, Surtsey Zona das Snæfellsnes - Snæfellsjökull Lista de vulcões da Islândia – Wikipédia, a enciclopédia livre (wikipedia.org) BONUS: TSUNAMI PROVOCADO POR ERUPÇÃO VULCANICA -- SIMULAÇÃO. Um documentário sobre o risco vulcânico na ilha de La Palma, nas Canárias, e a forma como a erupção do Vulcão Cumbre Vieja veio colocar a olho nu, a falta de Ordenamento do Território nas ilhas vulcânicas. Desde as plantações intensivas de bananeiras, até à ocupação de escoadas lávicas recentes e cones vulcânicos, esta é uma viagem ao centro do problema e não ao centro da Terra. O vulcão da Ilha Branca, na Nova Zelândia, também conhecido como Whaakari, é o mais ativo do país. Quando ele entrou em erupção, cerca de cinquenta turistas estavam na ilha, entre eles o casal de brasileiros Alessandro e Aline. A equipe do Domingo Espetacular visitou o vulcão e mostrou imagens exclusivas do local A equipe do Domingo Espetacular viajou até Cabo Verde para conhecer a história dos moradores que tiveram suas vidas transformadas por causa da erupção do Pico do Fogo. Mesmo com as casas destruídas, as centenas de famílias que perderam tudo, não querem sair de perto do vulcão. Acompanhe na Grande Reportagem. O Monte Fagradalsfjall não via uma erupção desde o século 12, e ela chegou após milhares de pequenos terremotos. Desde a semana passada, cientistas, equipes de resgate, fotógrafos e curiosos visitam a área. Para capturar essas imagens espetaculares o operador do drone pedalou 7 km na neve. Confira. DAVID KEYS' 536 EC - TEORIA DA MEGA-ERUPÇÃO VULCÂNICA https://www.amazon.com/Catastrophe-Investigation-Origins-Modern-Civilization/dp/0345408764 Li com interesse a especulação sobre o evento que ocorreu em cerca de 540 EC, que causou uma sociedade significativa agitação. Recentemente li um livro fascinante que dava uma explicação razoável. pelo que aconteceu: Catástrofe: Uma investigação sobre as Origens do Mundo Moderno, de David Keys (Ballantine Books; 1 de Fevereiro de 2000) Aqui está a descrição do livro da editora: Foi uma catástrofe sem precedente na história registrada: por meses a fio, a partir de 535 EC., um uma névoa estranha e escura roubou grande parte da terra da luz solar normal. Colheitas falharam na Ásia e no Oriente Médio como clima global padrões radicalmente alterados. Peste bubônica, explodindo para fora da África, exterminada populações inteiras na Europa. Inundação e a seca levou as culturas antigas à beira do colapso. Em uma questão de décadas, a velha ordem morreu e um novo mundo - essencialmente o mundo moderno como nós sabemos disso hoje - começou a surgir. Neste fascinante e inovador, livro totalmente acessível, o jornalista arqueológico David Keys dramaticamente reconstrói a cadeia global de revoluções que começou na catástrofe de 535 EC., então oferece uma explicação definitiva de como e por que esse cataclismo ocorreu naquele dia importante séculos atrás. O Império Romano, a maior potência na Europa e no Médio Oriente durante séculos, perdeu metade do seu território no século seguinte à catástrofe. Durante o exatamente no mesmo período, o antigo estado do sul da China, enfraquecido pela economia turbulência, sucumbiu aos invasores do norte, e uma única China unificada nasceu. Enquanto isso, enquanto tribos inquietas varriam as estepes da Ásia Central, um novo A religião conhecida como Islã se espalhou pelo Oriente Médio. Como Keys demonstra com originalidade convincente e pesquisa autoritária, não se tratava de convulsões isoladas, mas de eventos ligados decorrentes da mesma causa. e ondulando ao redor do mundo como um enorme maremoto. A narrativa de Keys circunda o globo como ele identifica as consequências misteriosas dos meses de escuridão: sem precedentes seca na América Central, uma estranha poeira amarela flutuando como neve sobre Ásia Oriental, fome prolongada e horrível pandemia da peste bubônica. Com um comando soberbo de antigos literaturas e registros históricos, Keys faz até então não reconhecido conexões entre o "deserto" que se espalhou pelos britânicos o campo e a queda da grande civilização Teotihuacan construtora de pirâmides no México, entre um "império judaico" pouco conhecido na Europa Oriental e a ascensão do Estado-nação japonês, entre tempestades na França e pestilência na Irlanda. Nos capítulos finais do livro, Keys mergulha no mistério no coração desta catástrofe global: Por que isso aconteceu? A resposta, ao mesmo tempo surpreendente e definitiva, tem implicações assustadoras. para o nosso futuro geopolítico precário. Ampla em sua erudição, escrito com talento e paixão, cheio de insights originais, Catastrophe é a soberba síntese da história, da ciência e da interpretação cultural. ------------ Altamente recomendado! E ai, pessoal? Gostaram desse artigo? Deixe seu like e Instagram e Facebook ArqueoHistória >>> Instagram Facebook. Minha pagina no Instagram -- Aletheia Ágora em http://instagram/aletheia_agora Obrigado pela leitura e até o próximo POST Um abraço FLAVIO AMATTI FILHO https://www.instagram.com/aletheia_agora/ Bibliografia, Fontes e Referencias: https://genk.vn/tai-sao-nam-536-duoc-goi-la-thoi-diem-kho-song-nhat-lich-su-nhan-loai-20181227161653652.chn Thorvaldur Thordarson e Ármann Höskuldsson. «Postglacial volcanism in Iceland» (PDF) (em inglês). Consultado em 2 de setembro de 2014 «Volcanoes in Iceland» (em inglês). Institute of Earth Sciences (Islândia - Reiquiavique). Consultado em 2 de setembro de 2014 Abbott, D. H.; Biscaye, P.; Cole-Dai, J.; Breger, D. (dezembro de 2008). «Magnetite and Silicate Spherules from the GISP2 Core at the 536 A.D. Horizon». AGU Fall Meeting Abstracts. 41: 41B–1454. Bibcode:2008AGUFMPP41B1454A. Abstract #PP41B-1454 ↑ Ir para:a b c Larsen, L. B.; Vinther, B. M.; Briffa, K. R.; Melvin, T. M.; Clausen, H. B.; Jones, P. D.; Siggaard-Andersen, M.-L.; Hammer, C. U.; et al. (2008). «New ice core evidence for a volcanic cause of the A.D. 536 dust veil». Geophys. Res. Lett. 35: L04708. Bibcode:2008GeoRL..3504708L. doi:10.1029/2007GL032450 ↑ Ir para:a b Gibbons, Ann (15 de novembro de 2018). «Why 536 was 'the worst year to be alive'». Science | AAAS (em inglês). Consultado em 16 de novembro de 2018 ↑ Than, Ker (3 de janeiro de 2009). «Slam dunks from space led to hazy shade of winter». 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Paris, France: Leroux. pp. 220–221 From pp. 220–221: "Or, un peu auparavant, en l'an 848, il y eut un signe dans le soleil. …, et le vin avait le goût de celui qui provient de raisins acides." (However, a little earlier, in the year 848 [according to the Greek calendar; 536/537 AD according to the Christian calendar], there was a sign in the sun. One had never seen it [before] and nowhere is it written that such [an event] had happened [previously] in the world. If it were not [true] that we found it recorded in most proven and credible writings, and confirmed by men worthy of belief, we would not have written it [here]; for it's difficult to conceive. So it is said that the sun was darkened, and that its eclipse lasted a year and a half, that is, eighteen months. Every day it shone for about four hours and yet this light was only a feeble shadow. Everyone declared that it would not return to the state of its original light. Fruits didn't ripen, and wine had the taste of what comes from sour grapes.) ↑ Gaelic Irish Annals translations ↑ Documents of Ireland ↑ The Annals of the Four Masters ↑ Ochoa, George; Jennifer Hoffman; Tina Tin (2005). Climate: the force that shapes our world and the future of life on earth. Emmaus, Pennsylvania: Rodale. ISBN 978-1-59486-288-5 ↑ Rosen, William (2007). Justinian's flea: Plague, Empire and the Birth of Europe. London: Jonathan Cape. ISBN 978-0-224-07369-1 ↑ Ir para:a b c Keys, David Patrick (2000). Catastrophe: an investigation into the origins of the modern world. New York: Ballantine Pub. ISBN 978-0-345-40876-1 ↑ Stothers, R.B.; Rampino, M.R. (1983). «Volcanic eruptions in the Mediterranean before AD 630 from written and archaeological sources». Journal of Geophysical Research. 88: 6357–6471. doi:10.1029/JB088iB08p06357 ↑ Stothers, R.B. (16 de janeiro de 1984). «Mystery cloud of AD 536». 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  • O "MAPA MUNDI" MAIS ANTIGO JÁ ENCONTRADO

    Uma placa de argila descoberta em Sippar, no Iraque, em 1899, é considerada o mapa mais antigo do mundo. Foi descoberto nas margens do rio Eufrates e agora está em exposição no Museu Britânico Londres. A tabuleta de argila danificada data de 600 a.e.c., e retrata uma interpretação inicial do layout do mundo. Com 122 x 82 mm, o pequeno mapa nos dá um vislumbre de como os babilônios viam o mundo ao seu redor. O artefato contém um mapa do mundo da Mesopotâmia, com a Babilônia no centro, bem como imagens cuidadosamente gravadas e escritas em cuneiforme neo-babiônico. A Babilônia é cercada por dois círculos concêntricos que representam o oceano, chamados de idmar.ra.tum “água salgada” ou “mar salgado”. Oito áreas triangulares nomeadas como a.kish “Regiões” ou “Ilhas” cercam o Mar Salgado. Conta também com descrições des regiões e de grandes heróis e bestas míticas que nelas habitaram. Os pântanos do sul (suméria) são indicados na parte inferior do mapa por duas linhas paralelas, e uma linha curva perto do topo mostra as montanhas Zagros. O rio Eufrates é mostrado correndo das montanhas acima, através da Babilônia, até os pântanos abaixo, que são a suméria. No centro do mapa estão sete cidades. 1.Montanha - (šá.ki) 2.Cidade - (uru) 3.Uruk (ú.ra.áš.tu) 4.Assíria (kuraš.šurki) 5. Lárish (dēr.tu) 6. Desconhecido 7. Pântano (ap.pa.ru) 8. Elam (šuša) 9. Canal (bit.qu) 10. Bit Yakin (bῑt.ia.ki.nu) 11. Ereki (Ereki.ma) 12. Habban (ha.ab.ban) 13. Babylon (ba.ab.ilim) 14.Oceano (idmar.ra.tum) 15.Muralha (sag.kur.dug) 16.Muralha (sag.kur.dug) 17.Muralha (sag.kur.dug) 3 Ilhas : 18.Lugar do Sol Nascente (ki.utu.maru) 19.O sol está escondido e nada pode ser visto (utu.zimu.ra.bu.ša) 20.Além do voo dos pássaros (mušen.nim.ki) Acredita-se que o mapa pretendia transmitir todo o conteúdo do mundo, pois como sabemos, para as culturas daquela época, sua região era o mundo. O mapa é importante pois é o único em sua inclusão das ilhas além do oceano, todos os outros mapas encontrados que foram produzidos no mesmo período, não incluíam terras além do oceano, porque o oceano era considerado o fim de todas as terras. O significado real por trás do conteúdo do mapa é bastante discutido, pois embora muitos dos lugares mostrados estejam com sua localização correta, outros não estão. Alguns creem que o mapa pretende mostrar a visão mitológica do mundo babilônico, não a realidade. As 18 bestas mitológicas mencionadas na escrita no mapa aludem ao épico babilônico da criação, onde o novo mundo foi criado depois que os monstros mitológicos foram expulsos para o “Oceano Celestial”. Outros ponto importante a se notar é que sabe-se que os babilônios estavam bem cientes de outros povos, como os persas e egípcios, porém, os criadores do mapa excluíram especificamente esses povos. A localização da Babilônia no mapa mostra que os babilônios acreditavam ser o centro do mundo. A descoberta de artefatos como o Mapa Mabilônico do Mundo pode responder a muitas perguntas sobre os povos antigos, a maneira como viviam e a maneira como viam o mundo, ao mesmo tempo em que abre novas questões. Qual foi o propósito deles ao criar este mapa? Pretendia-se ser uma interpretação literal do mundo geológico ao seu redor ou uma representação do mundo mitológico em que acreditavam? Perguntas como essas podem nunca ser respondidas, mas nós estaremos sempre buscando tais respostas. Bibliografia: Map of the Babylonian World – The British Museum The oldest map of the world in existence – The Basement Geographer Cartography – Ancient Wisdom Coming of Age in the Cartography Evolution – Amusing Planet The Babylonian World – Cartographic Images A História e a arqueologia são cheias de hipóteses alternativas e mirabolantes. Quer saber quais mais já foram desmistificadas? Que tal aprender o que realmente era a tão famosa "Bolsa Anunnaki"? Para saber mais, adquira meu e-book em: Conheça minha página @Contextologia no Instagram, onde compartilho minhas pesquisas e artigos na área da História, Arqueologia, Filologia Desmistificação e outros.

  • A MAIOR PIRÂMIDE DO MUNDO: NÃO É EGÍPCIA E TEM NOVAS DESCOBERTAS

    Pesquisadores mexicanos da Universidade Autônoma de Puebla (UAP) anunciaram grandes descobertas na Pirâmide de Cholula, a considerada maior estrutura desse tipo do mundo. Maquete da pirâmide de Cholula removendo parte da terra e detrutos que ao passar dos séculos florestais acabou por parte da estrutura. A Pirâmide de Cholula fica na cidade de San Pedro Cholula, no México, e estima-se que foi construída no início da era pré-hispânica, cerca de 2200 anos atrás. Porém a edificação foi composta por fases, cada qual separada por séculos, o que faz a datação de sua idade, um tanto complicada. A equipe de arqueólogos, liderada pelo pesquisador mexicano Rafael Escamilla, descobriu dois novos túneis subterrâneos na pirâmide, além dos já mapeados, porém não muito importantes anteriormente. Os túneis são conhecidos como Cabeças de Serpês e se estendem por cerca de incríveis 50 metros abaixo da superfície. Outro achado que deixa o fato ainda mais interessante é que foram descobertas várias inscrições antigas estampadas nas suas paredes. Túneis já foram descobertos antes, porém os achados atuais são recentes e compõem novos fatores que aumentam os mistérios históricos que envolvem essa fenomenal estrutura asteca. Além dos túneis, os pesquisadores descobriram três estruturas de pedra que são conhecidas como Circulares. Estas estruturas circulares também possuem inscrições que supostamente foram cravadas ali na época da construção, todavia, a impossibilidade de saber exatamente se foram estampadas no momento da construção dos túneis, ou das camadas superiores que compõem a construção, deixa os pesquisadores intrigados. Ao investigar os detalhes das inscrições, a equipe descobridora levanta a hipótese de que as estruturas subterrâneas foram usadas como parte de rituais religiosos, haja vista o cunho das inscrições e iconografia do conteúdo das marcas nas paredes, porém, o significado exato das ainda é desconhecido. Contudo, algo é certo. Estes novos túneis e passagens, revelam mais sobre a antiga cultura asteca e seu sistema de construção que anteriormente era sabido. Além da possibilidade dessas passagens também serem uma forma de fuga fácil e oculta de qualquer ocorrência, perigos que pudessem acontecer fora da pirâmide, os arqueólogos não descartam a perspectiva que a finalidade se multiplicasse em razões, podendo ser túneis com múltiplos propósitos, unindo tudo em um todo. Pirâmide de Cholula, ou também conhecida como Tepanapa, México, é a maior do que as famosas pirâmides do planalto de Gizé juntas. Imagem de Ronald Woan/ Flickr Portanto, as novas descobertas na Pirâmide de Cholula proporcionam uma visão única do passado asteca. Embora muito ainda precise ser transcrito, traduzido, interpretado e descoberto, este achado ajuda a trazer à luz um passado antigo e misterioso que envolve uma das maiores pirâmides do mundo. A equipe de pesquisadores e arqueólogos pretendem continuar investigando o local para desvendar novas informações sobre a história da cultura asteca. Ademais da descoberta dos túneis e estruturas circulares, existem muitos outros fatos interessantes e enigmáticos sobre a Pirâmide de Cholula. Uma das principais características da estrutura é sua construção de forma gradual, o que significa que foi concebida em fases, camada por camada, levando mais de mil anos para ser completada e, possivelmente, a cada fase uma concepção e até objetivo diferente era empregado para que a nova proposta tomasse vida. Gerações usavam as instalações até que em determinado momento, novas mentes e a evolução cultural e social enxergou a demanda de sobreposição construtiva, e assim era feito. Outro fato incrível é que a pirâmide também é conhecida como "Tepanapa" ou "Cidade dos Deuses" em tradução direta. E é considerada a maior pirâmide do mundo, com uma área de cerca de 450.000m². Além do seu design peculiar, pois tem uma estrutura de quatro níveis, cada um medindo cerca de 80 metros de altura. De fato, um monstro das Américas. Gravura da Pirâmide de Cholula, ou Tepanapa, em seu auge construtivo e sem a perda estrutural de parte de seus pisos laterais. Também conhecida na língua asteca como Tlachihualtepetl – náuatle, significa Montanha Feita à Mão, complexo localizado mais exatamente em Cholula, Puebla, México. Simplesmente o maior sítio arqueológico de uma pirâmide, ou templo, das Américas, bem como a maior estrutura piramidal já registrada no mundo. Dentre os achados em Cholula, incluem estatuetas do tamanho suficiente para segurar em uma mão, cerâmicas peculiares dos astecas, restos de pertences religiosos, adornos corporais, entre muitas outras peças antigas. E por mais que a pirâmide seja uma anciã em termos arquitetônicos e construtivos em seu nascimento, as peças puderam ser datadas, e apontam para apenas um período apenas, cerca de 1600 a.E.C., indicativo que o povo asteca durante sua adoração aos deuses não permitia reminiscências dos costumes e adoradores anteriores. Apesar de ter sido descoberta, ou redescoberta, há muitos séculos, a Pirâmide de Cholula só recentemente foi reconhecida como uma das principais maravilhas arqueológicas do mundo, pois seu tamanho e complexidade a tornam única. Sendo então este, um dos maiores motivos que justificam até hoje ela ter verba dedicada para mais análises, estudos e escavações, por parte dos governos. A pirâmide continua a ser sondada até os dias atuais e os arqueólogos acreditam que há muito mais ainda por descobrir sobre o passado desta grande estrutura. FONTES Gutiérrez, D., & Pérez, G. (2021). Novas descobertas na Pirâmide de Cholula. Arqueolandia, 17(1), 85-95. Gallagher, C. (2021). O significado dos mistérios da Pirâmide de Cholula. História Hoje, 10(1), 46-48. Castañeda, C. (2020). O legado asteca na Pirâmide de Cholula. História Colunável, 13(2), 21-24. Maik Bárbara

  • 1816 EC - O ano em que não houve verão e o monstro de Mary Shelley

    O chamado "Ano Sem Verão" – 1816 – pertence a um período de três anos de severa deterioração climática de alcance global causada pela erupção do Monte Tambora na Indonésia em abril de 1815. Com a queda das temperaturas e a interrupção dos principais sistemas climáticos, as comunidades humanas em todo o mundo enfrentaram falhas nas colheitas, doenças epidêmicas e distúrbios civis em uma escala catastrófica. Em termos culturais, o verão sombrio de 1816 é mais conhecido como o cenário para a escritora de Frankenstein por Mary Shelley. Um romance cuja icônica Criatura oferece uma figura para os milhões de famintos e despossuídos da Europa durante a prolongada emergência climática que se seguiu à erupção do vulcão Tambora. É o que vamos entender nesse artigo repleto de história e curiosidades. Preparados ? Então, vamos lá !! ENTENDENDO O CONTEXTO: 1816 foi uma época em que a esmagadora maioria da população mundial dependia da agricultura de subsistência, vivendo precariamente de colheita em colheita. Quando as colheitas falharam naquele ano, e novamente no ano seguinte, o caos estava instaurado. Legiões de pessoas que viviam nas regiões rurais, eram famintas; desde a China até a Irlanda, pessoas saiam dos campos para comercializar nas cidades, pedir esmolas ou até mesmo, vender seus filhos em troca de comida. Nesse cenário, doenças advindas da fome, cólera e tifo, perseguiram o globo terrestre, da Índia até a Itália, enquanto o preço do pão e do arroz, os alimentos básicos do mundo, disparava de forma galopante. Tudo isso, adicionado a um continente europeu que se encontrava devastado pelas guerras napoleônicas, com dezenas de milhares de veteranos desempregados que se viram incapazes de alimentar suas famílias. Eles deram vazão ao seu desespero em tumultos nas praças da cidade e campanhas de incêndio criminoso de estilo militar, enquanto os governos em todos os lugares temiam a revolução. Tanto que a Nova Inglaterra, em 1816, foi apelidada de "Oitocentos e Congelados até a Morte", enquanto os alemães chamavam 1817 de "O Ano do Mendigo". Em termos de sua presença duradoura no folclore, bem como seu status na literatura científica, o verão frio de 1816 foi o evento meteorológico mais significativo do século XIX. O período de emergência climática global de 1816-18, como um todo, nos oferece uma janela clara para um mundo convulsionado por anomalias climáticas, com comunidades humanas em todos os lugares lutando para se adaptar a mudanças repentinas e radicais nos padrões climáticos e a um consequente tsunami de fome, doença, deslocamento e agitação. O verdadeiro significado de CAOS !!! Nesse sentido, estar vivo nos anos 1816-18, em quase qualquer lugar do mundo, significava estar com fome. Em todo o mundo, durante o chamado "Ano Sem Verão" – que foi, de fato, uma crise climática de três anos – as colheitas pereceram em geadas e secas ou foram levadas pelas chuvas de inundação. Aldeões em Vermont (Vermont é um estado da região da Nova Inglaterra, nos Estados Unidos) sobreviviam comendo ouriços e urtigas cozidas, enquanto os camponeses de Yunnan (província no sudoeste da China), bebiam argila branca. Turistas de verão que viajam para a França confundiam mendigos, que se aglomeravam nas estradas com exércitos em marcha. Um desses grupos de turistas ingleses, em sua vila à beira do lago perto Genebra, passaram longos e longos dias, de enorme frio e de muitas colheitas queimadas pelo fogo, escrevendo histórias de fantasmas. Apesar da fama do romance Frankenstein de Mary Shelley – a produção literária de assinatura do "Ano Sem Verão" – o escopo global da emergência climática no pós-acidente imediato ao período de Waterloo permanece pouco conhecido. O VULCÃO TAMBORA Mas porque o clima global se deteriorou tão abruptamente em 1815-18 antes de retornar, de repente, ao seu equilíbrio relativo anterior? A resposta está em um grande evento geológico que ocorreu a praticamente meio mundo de distância da Europa e da América do Norte. A erupção maciça do Monte Tambora na ilha de Sumbawa nas Índias Orientais Holandesas (agora Indonésia) em 10 de abril de 1815. Simplesmente, esse foi o evento vulcânico mais explosivo do registro histórico, e entre as maiores erupções dos últimos 10.000 anos na Terra. 😳 A explosão do Monte Tambora lançou plumas de gás e cinzas a cerca de 43 km da estratosfera - com precipitação distribuída de até 1300 km de distância - e mergulhou toda a região das Índias Orientais na escuridão. A enorme carga de gases sulfatos que Tambora injetada na estratosfera produziu uma nuvem de poeira aérea composta por até 100 quilômetros cúbicos de detritos. Esta grande pluma obscureceu o sol em torno da Terra na linha do equador em questão de semanas antes de derivar para os polos, causando estragos nos principais sistemas climáticos do mundo por quase três anos. A erupção em si teve um impacto imediato devastador na região das Índias Orientais: suas 90.000 mortes são a maior mortalidade de qualquer evento vulcânico conhecido. Mas a interrupção de três anos de Tambora do sistema climático global – incluindo uma queda nas temperaturas médias entre 3 ° F ( -16,11° C) e 6 ° F (-14,11° C) e graves interrupções na precipitação sazonal – significaram um desastre em escalas muito maiores para as comunidades humanas pré-industriais em todo o mundo, incluindo as economias relativamente avançadas da região transatlântica. Um breve resumo dos impactos históricos do Tambora Panorama da caldeira do Monte Tambora, julho de 2017 - Ao enfraquecer a administração colonial europeia e criar uma crise alimentar de anos para a população local, o desastre de Tambora alterou o equilíbrio político de poder no Sudeste Asiático, fortalecendo os sistemas indígenas de pirataria e escravidão contra influências ocidentalizantes. - O véu de poeira de sulfato de Tambora interrompeu as monções do sul da Ásia por três anos consecutivos, provocando uma crise climática sustentada, que criou condições para o nascimento da cólera moderna e epidêmica em Bengala em 1817, e que gradualmente se espalhou por todo o mundo no século XIX, matando milhões de pessoas. - Do outro lado das montanhas no sudoeste da China, o controle imperial enfraqueceu durante as fomes do período Tambora, gerando rebelião étnica contra a dinastia Qing e permitindo que o comércio de ópio florescesse no narcoestado de Yunnan, que mais tarde se tornou o centro global de produção de papoula. - Enquanto isso, do outro lado da divisão hemisférica na Europa Ocidental, algumas centenas de milhares de pessoas morreram de fome e doenças, enquanto grandes ondas de refugiados ambientais rurais, expulsos de suas casas pelo clima do Tambora, invadiram as cidades ou se dirigiram para o leste da Rússia e oeste para a América. - Mais ao norte, o aquecimento do inverno vulcânico entre 1815 e 1818 derreteu o bloco de gelo do Ártico, levando a primeira corrida de nações para o Polo Norte. - As façanhas de Kotzebue, Parry e Franklin lançaram a exploração ártica como uma fantasia cultural definidora do século XIX. - Finalmente, nos Estados Unidos, em 1816 produziu o único exemplo registrado de crescimento zero de árvores, dedutível do anel ausente nos carvalhos do Nordeste. Os agricultores de lá sofreram sua estação de crescimento mais curta de todos os tempos, interrompida por geadas brutais de verão, e deixaram a Nova Inglaterra em massa para as terras prometidas de Ohio e Pensilvânia, enquanto a criança, fronteira Centro-Oeste aproveitou o momento para garantir uma posição como um grande produtor agrícola para a nação e o mundo atlântico. Como o esboço acima sugere, uma história global do evento de Tambora é vertiginosa em escala e difícil de articular em termos historiográficos convencionais. De fato, as dimensões ecológicas completas de Tambora só se tornaram aparentes a partir da década de 1980, devido aos avanços nas técnicas de coleta de dados dos paleoclimatologistas. Desde então, as reivindicações da importância geo-histórica de Tambora tornaram-se mais convincentes com a publicação de cada trabalho de pesquisa detalhando o sinal climático excepcionalmente alto de 1816, registrado em todos os lugares das plataformas de gelo do Antártica para as florestas da Nova Inglaterra. Em 1816-17, a escala do sofrimento humano em Genebra, na Suíça estava entre as piores da Europa. Já eram 130 dias de chuva entre abril e setembro de 1816 que encheram as águas do Lago de Genebra, inundando a cidade, enquanto nas montanhas a neve se recusou a derreter (Posto 21). Quando as colheitas mingaram, e milhares morreram de fome durante a última fome da Europa continental, e enquanto o número de desabrigados indigentes chegou a centenas de milhares de pessoas, a mortalidade em 1817 foi mais de 50% maior do que sua taxa já elevada no ano de guerra de 1815. Em todos os lugares, aldeões desesperados recorriam a uma dieta de fome lamentável dos "alimentos mais repugnantes e antinaturais – carcaças de animais mortos, forragem de gado, folhas de urtigas, comida suína..." (Posto 128). O estresse generalizado sobre o fornecimento de alimentos provocou ondas de protestos sociais violentos em todo o continente. Tumultos eclodiram nos condados da Ânglia Oriental, na Inglaterra, lar do pintor John Constable, já em maio de 1816. Trabalhadores armados carregando bandeiras com o slogan "Pão ou Sangue" marcharam sobre a cidade catedral de Ely, manteve seus magistrados reféns e travou uma batalha campal contra a milícia. Constable, um pintor, ficou escandalizado, e suas visões idealizadas do clima rural e do trabalho rural em suas pinturas de 1816 "The Wheatfield" e "Flatford Mill, " quando visto através de uma lente de Tambora, aparece como o manifesto pictórico de um conservador em apuros. Em março de 1817, mais de 10.000 pessoas se manifestaram em Manchester, enquanto em junho, a chamada "Revolução Pentrich" envolveu planos para invadir e ocupar a cidade de Pentrich. Nottingham. O exército foi chamado para reprimir distúrbios semelhantes em Escócia ePaís de Gales. Diante dessa onda de crime e insurreição, as prisões provinciais se encheram de transbordamento por todo o reino. Dezenas de manifestantes foram posteriormente enforcados ou transportados. Na França, as autoridades concentraram-se em manter a acessibilidade do pão na capital. Paris, a sede da revolução apenas algumas décadas antes. A agitação foi correspondentemente séria nas províncias negligenciadas, com tumultos crônicos nas cidades mercantis e regiões inteiras no ponto de inflexão da anarquia. De acordo com John Post, historiador econômico do período Tambora, a experiência de escassez sustentada de alimentos e subsequente instabilidade social estimulou os governos à mudança autoritária e para a direita que associamos à paisagem política da Europa pós-napoleônica (165). O medo do déficit agrícola também motivou os líderes políticos a adotarem políticas protecionistas. É no período de Tambora que as tarifas e os muros comerciais surgiram pela primeira vez como características padrão do sistema econômico europeu e transatlântico. Mas as transformações políticas moldadas pela emergência de Tambora não eram todas de caráter reacionário. Por exemplo, os governantes britânicos da Irlanda, embora parcimoniosos em termos de ajuda humanitária, foram levados a conceituar e começar a criar uma burocracia moderna de saúde pública, tanto para lidar com emergências em escala nacional quanto para desenvolver políticas que respondessem aos chamados, em resposta à grande epidemia de tifo de 1817-18, por um novo, sistema preventivo de gestão em saúde pública. Em 1817, o Parlamento Britânico aprovou a histórica Lei de Emprego Pobre, enquanto o secretário-chefe irlandês, Robert Peel, criou um comitê nacional de febre que evoluiu para se tornar o primeiro Conselho de Saúde nos domínios britânicos. A mesma tendência geralmente positiva foi detectável em toda a Europa Ocidental. Vitalmente, para a subsequente história de longo prazo da Europa, a grande escala do trauma de 1816-18 iniciou a reeducação das elites políticas no período pós-napoleônico quanto às suas responsabilidades humanitárias para com seus cidadãos. No processo, enfraqueceu o domínio da ideologia laissez-faire extrema que caracterizou a primeira fase da modernização industrial europeia. Da tragédia global de Tambora, pode-se argumentar, surgiram os rudimentos do Estado liberal moderno. Ao mesmo tempo, porém, seria errado sobrestimar o ritmo dos progressos. Em muitos casos, as leis e estatutos progressistas que emergiram da crise de 1816-18 não foram aplicados, e a retórica humanitária em evolução do início do século XIX permaneceu apenas isso. E nesse contexto, o evento global provocado pela erupção do vulcão Tambora, oferece um pano de fundo convincente para as histórias bem conhecidas da produção literária romântica no período pós-Waterloo imediato, especialmente o do círculo de Mary Shelley. A mente doentia de Mary Shelley e o seu monstro FRANKSTEIN O mau tempo e a situação caótica dos meses de verão em 1816 é um toque especial da imaginação tenebrosa de Mary Shelley - autora, dramaturga, ensaísta, biógrafa e escritora de literatura de viagens, mais conhecida por seu romance gótico, Frankenstein: ou O Moderno Prometeu (1818). Mary Wollstonecraft Shelley, batizada Mary Wollstonecraft Godwin (Somers Town, Londres, 30 de agosto de 1797 – Chester Square, Londres, 1 de fevereiro de 1851), mais conhecida por Mary Shelley, foi uma escritora britânica, filha do filósofo William Godwin e da feminista e escritora Mary Wollstonecraft. Ela também editou e promoveu os trabalhos de seu marido, o poeta romântico e filósofo Percy Bysshe Shelley, com quem se casou em 1816, após o suicídio de sua primeira esposa. De mente doentia e perturbada, em uma carta para sua meia-irmã Fanny Imlay, em sua chegada a Genebra, Mary descreve – em linguagem arrepiante que logo encontraria seu caminho para Frankenstein – sua ascensão do Alpes «no meio de uma violenta tempestade de vento e de chuva» (Cartas 1, 17). Acima, trailler do filme, lançado em 1994 - Frankenstein de Mary Shelley (apenas mais um na longa fila de centenas de obras que adaptaram a obra). ATORES: Kenneth Branagh como o cientista louco Victor Frankenstein, e Robert De Niro como a Criatura (também chamado de Criação, ou Monstro), além de Tom Hulce, Helena Bonham Carter, Aidan Quinn, Ian Holm, Eric Idle e outros. continuando ..... O frio era "excessivo" e os aldeões que lá estavam queixavam-se do atraso do sol nascente. Em sua descida alpina dias depois, uma tempestade de neve fora de época arruinou sua vista de Genebra e seu famoso lago. E em sua resposta, Fanny expressa sua simpatia pela má sorte de Mary, relatando que era "terrivelmente triste e chuvoso" na Inglaterra, também, e muito frio. (Kingston Stocking1:48) A famosa segunda carta de Mary para Fanny é um dos documentos mais vívidos que temos do clima vulcânico enlouquecido durante o verão de 1816: "Uma chuva quase perpétua nos confina principalmente à casa", escreveu Mary no dia primeiro de junho das margens do Lago de Genebra. "Uma noite, desfrutamos de uma tempestade mais fina do que eu jamais tinha visto. O lago foi iluminado — os pinheiros de Jura tornaram-se visíveis, e toda a cena iluminou-se por um instante, quando uma escuridão em pleno breu sucedeu, e o trovão veio em rajadas assustadoras sobre as nossas cabeças no meio da escuridão" (Cartas 1:20). Na mesma linha, é importante lembrar que a miséria do período Tambora na Europa – anos de fome, doenças e falta de moradia – foi suportada esmagadoramente pelos pobres, que deixaram escassos registros de seus sofrimentos. Para a maioria daqueles pertencentes às classes média e alta – incluindo os Shelleys e seu círculo – a agitação social e econômica daqueles anos apresentou apenas pequenos inconvenientes. Em contraste com a subclasse analfabeta, esses europeus ricos deixaram relatos volumosos de suas vidas. Olhar apenas para o seu registro documental, portanto, pode deixar a impressão enganosa de que os anos Tambora não foram excepcionais na história do início do século XIX. É necessário examinar cuidadosamente o que eles escreveram em busca de pistas para a experiência dos milhões silenciosos que sofreram deslocamento, fome, doença e morte naquele momento. A partir da bolha de privilégio dentro da qual pessoas educadas, como os Shelleys e seus amigos, compunham seus brilhantes versos e letras, é possível captar brilhos desse outro mundo ignorante pelo qual eles passavam em sua maioria alheios. Em seu relato da noite tempestuosa em Genebra, quando concebeu seu famoso romance, Shelley imagina Frankenstein acordando de um pesadelo para encontrar sua criação hedionda ao lado de sua cama, "olhando para ele com olhos amarelos, lacrimejantes, mas especulativos" (196). A descrição é uma reminiscência de numerosas impressões de mendigos europeus neste período. Um turista inglês, viajando de Roma para Nápoles, em 1817, comentou sobre "o aspecto lívido dos miseráveis habitantes desta região". Quando perguntados como eles viviam, esses "espectros animados" responderam simplesmente: "Nós morremos" (Matthews 192-3). Desde o início, então, a conjuração imaginativa de Shelley de sua famosa criatura carrega a marca da população europeia faminta e doente pela qual ela foi cercada em 1816-18. Como as hordas de refugiados famintos espalhando tifo por todo o continente durante a escrita do romance por Shelley, a Criatura em Frankenstein é um andarilho e uma ameaça percebida para a sociedade civilizada. No romance, essa capacidade assassina é atribuída à força sobrenatural do monstro, mas a atmosfera aterrorizante de sua fúria, e sua capacidade de atacar à vontade através de milhares de quilômetros, parece mais com a propagação de uma fome ou contágio. Em suma, uma vez que o elemento sobrenatural da criação do monstro é deixado de lado, a experiência da criatura de Mary Shelley incorpora mais de perto a degradação e o sofrimento dos pobres europeus sem-teto no período Tambora, enquanto a violenta repulsa de Frankenstein e todos os outros em relação a ele espelha a total falta de simpatia mostrada pelos europeus mais ricos em relação aos milhões de Tambora. As vítimas do inóspito clima sofrem de fome, doenças e a perda de suas casas e meios de subsistência. Como a próprio criatura se coloca, ele sofreu primeiro "da inclemência da estação", mas "ainda mais da barbárie do homem". CURIOSIDADE: Baseado em fatos reais?! Os experimentos que inspiraram a história de Frankenstein Baseado em fatos reais?! Os experimentos que inspiraram a história de Frankenstein - TudoCelular.com BONUS: O VULCÃO DO MONTE TAMBORA A explosão foi ouvida na ilha de Sumatra (mais de 2 000 km distante). Uma enorme queda de cinza vulcânica foi observada em locais distantes como nas ilhas de Bornéu, Celebes, Java e arquipélago das Molucas. A atividade começou três anos antes, de uma forma moderada, seguindo-se a enorme explosão que lançou material a uma altura de 33 km, que, no entanto, ainda não foi o ponto culminante da atividade. Cinco dias depois, houve material eruptivo lançado a 44 km de altura, escurecendo o céu num raio de 500 km durante três dias e matando cerca de 60 000 pessoas, havendo ainda estimativas de 71 000 mortos, das quais de 11 a 12 mil mortas diretamente pela erupção; a frequentemente citada estimativa de 92 000 mortos é considerada superestimada. A erupção criou anomalias climáticas globais, pois não houve verão no hemisfério norte em consequência desta erupção, o que provocou a morte de milhares de pessoas devido a falta de alimento com registros estatísticos confiáveis especialmente na Europa, passando o ano de 1816 a ser conhecido como o ano sem Verão. Culturas agrícolas colapsaram e gado morreu, resultando na pior carestia do século XIX. Durante uma escavação em 2004, uma equipe de arqueólogos descobriu artefatos que permaneceram enterrados pela erupção de 1815. Eles mantinham-se intactos sob três metros de depósitos piroclásticos. Neste sítio arqueológico, apelidado "a Pompeia do Oriente", os artefatos foram preservados nas posições que ocupavam em 1815. Depois da erupção, a montanha do vulcão ficou com metade da altura anterior e formou-se uma enorme caldeira, hoje contendo um lago. ALERTA !!!! Erupção de vulcão e terremoto: Havaí encara "combo" de fenômenos naturais O Mauna Loa, maior vulcão do mundo, entrou em erupção em Dezembro 1922, e junto com ele, o Havaí também tem passado por dezenas de tremores de terra. Saiba como esses dois fenômenos se conectam. E ai, pessoal? Gostaram desse artigo? Deixe seu like e Instagram e Facebook ArqueoHistória >>> Instagram Facebook. Minha pagina no Instagram -- Aletheia Ágora em http://instagram/aletheia_agora Obrigado pela leitura e até o próximo POST Um abraço FLAVIO AMATTI FILHO https://www.instagram.com/aletheia_agora/ Bibliografia, Fontes e Referencias: Mary Shelley – Wikipédia, a enciclopédia livre (wikipedia.org) https://en.wikipedia.org/wiki/Year_Without_a_Summer Monte Tambora – Wikipédia, a enciclopédia livre (wikipedia.org) Erupção do Monte Tambora em 1815 – Wikipédia, a enciclopédia livre (wikipedia.org) Byron, Senhor. "Escuridão." Obras Poéticas Completas. Ed. Jerome J. McGann. Vol 4. Oxford: Clarendon Press, 1986. 40-43. Impressão. —. Cartas e Diários. Vol. 5. Ed. Leslie A. Marchand. Cambridge: Harvard UP, 1976. Imprimir. Kingston Stocking, Marion, ed. The Clairmont Correspondence: Cartas de Claire Clairmont, Charles Clairmont e Fanny Imlay Godwin. Vol 1. Baltimore: Johns Hopkins UP, 1995. Imprimir. Lovell, Ernest J. Seu próprio eu e voz: conversas coletadas de Lord Byron. 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  • A Estatueta de Nampa: Relíquia de 2 Milhões de Anos?

    No final do século XIX, uma pequena estatueta de argila medindo cerca de 4 cm foi encontrada no fundo de um poço artesiano, nos Estados Unidos. A descoberta reverberou em seu tempo, ainda mais após alguns pesquisadores apontarem a datação de aproximadamente 2 milhões de anos para o objeto. DESCOBERTA Em 1889, um grupo de trabalhadores procurava água perto da cidade de Nampa, no sudoeste de Idaho, EUA. Para criar um poço, eles perfuraram cerca de 90 metros, até que sua bomba a vapor começou a cuspir pedaços de argila. Entre os pedaços, os trabalhadores descobriram uma pequena forma de argila que parecia ter sido moldada na forma de uma mulher. Os trabalhadores teriam perfurado um estrato geológico conhecido como "Formação Glenns Ferry", composto principalmente de argila. Ao que se sabe geologicamente, esse tipo de formação foi criada há aproximadamente 2 milhões de anos, durante a transição Plioceno-Pleistoceno. Em 1975, a área foi designada como um marco natural nacional dos EUA, conhecido como Monumento 'Nacional Hagerman Fossil Beds'. É considerado a coleção mais rica do mundo de fósseis de plantas e animais que viveram na América do Norte, pouco antes da Idade do Gelo. No local também foi encontrada a maior coleção de fósseis de cavalo Hagerman, também conhecido como "zebra americana", que foi extinto há cerca de 10.000 anos. Interessante é que não foram encontrados fosseis humanos, bem como nenhum outro artefato artificial no local, apenas a tal Estatueta. Hoje, a cidade de Nampa fica a 200 km do Parque de Monumentos Nacionais. Algumas décadas depois, o pesquisador Albert A. Wright, descreveu a estatueta e sua autenticidade em seu livro The Nampa Mistery (1895): “Não foi o produto de uma criança pequena ou de um amador, mas foi feito por um verdadeiro artista. Apesar de muito desgastada pelo tempo, a aparência da boneca ainda é distinta: tem uma cabeça bulbosa, com boca e olhos quase imperceptíveis; ombros largos; braços curtos e grossos; pernas longas, a perna direita quebrada… Há também marcas geométricas fracas na figura, que representam padrões de penas ou joias - elas são encontradas principalmente no peito, ao redor do pescoço, nos braços e pulsos. A boneca é a imagem de uma pessoa de alta civilização, artisticamente vestida”. Ele afirma que a argila da Formação Glenns Ferry foi selada sob uma camada de basalto formada por atividade vulcânica, pois há uma boa quantidade de ferro por toda parte e grande parte da argila evidencia descoloração de óxido de ferro. "Ao visitar a localidade em 1890, fiz um esforço especial, enquanto estava no solo, para comparar a descoloração do óxido sobre a imagem com a das bolas de argila ainda encontradas entre os detritos que vieram do poço, e verifiquei que era tão quase idênticos quanto possível. Essas evidências de confirmação, em conexão com o caráter muito satisfatório das evidências fornecidas pelas partes que fizeram a descoberta e confirmadas pelo Sr. GM Gumming, de Boston (na época o superintendente dessa divisão da Oregon Short Line Railroad, e que conhecia todas as partes e estava no local um ou dois dias após a descoberta) colocou a genuinidade da descoberta além de qualquer dúvida razoável" Muito do que sabemos sobre a descoberta da estatueta de Nampa vem da descrição escrita por Wright, que finaliza seu texto com a frase: “Não há motivo para questionar o fato de que esta imagem surgiu na bomba de areia da profundidade relatada”. Sabendo da fama de sensacionalista de Wright, outros pesquisadores resolveram analisar o artefato e o contexto de sua descoberta, que é o que faremos agora. O QUE REALMENTE SE SABE Muito analisado sobre a descoberta, e muitos traçaram paralelos entre a estatueta de Nampa e as estatuetas Aurignacianas, encontradas em cavernas na França e na Bélgica, especialmente a estatueta feminina apelidada de 'A Vênus impudica de Laugerie-Basse'. No entanto, a estatueta de Nampa vai contra as linhas do tempo geralmente aceitas da história, evolução e humanidade. Não é segredo que estudiosos apontam que a autenticidade da estatueta de Nampa é impossível. Vejamos o que os especialistas dizem. "Além do Homo sapiens sapiens , nenhum hominídeo é conhecido por ter feito obras de arte tão antigas quanto a de Nampa. Ainda que uma única espécie ainda desconhecida e altamente racional tivesse vivido por lá, apenas este achado não seria suficiente para comprovar tal fato.”, Richard Thompson, Michael Cremo - The History of the Human Race (The Condensed Edition of Archaeology) . “As evidências, portanto, sugerem que os humanos do tipo moderno viviam na América no Plio-Pleistoceno, que data de cerca de 2 milhões de anos atrás. Também nota-se que nenhum outro artefato inteligentemente moldado foi encontrado no local, o que nos leva a crer que tal objeto não fazia parte do estrato apontado como berço da estatueta.” (Código Antigo, Hashmond. 2016) Não há muito a se falar sobre isso. É algo que sempre menciono em meus artigos: "Sem evidência não há ciência." A estatueta em si não se torna uma evidência, pois não é possível realizar uma datação laboratorial na mesma, sendo assim, foi datada rudemente pelo método de estratificação, que se resume em supor a idade do objeto de acordo com a profundidade da camada em que ele foi encontrado. Acontece que no caso da Estatueta de Nampa, não se tem certeza do real estrato em que ela teria sido encontrada. Ela teria sido sugada pela bomba dos trabalhadores e sido cuspida, ou seja, foi retirada de seu real leito, seja ele qual fosse. Existem várias maneiras pelas quais a estatueta pode ter descido até a camada de 2 milhões de anos: Nos arredores do local existem várias fissuras na rocha. Existe também atividade de mineração, várias minas estão localizadas nos arredores. De fato, o mesmo cano que trouxe a estatueta à luz, inicialmente pode ter a empurrado para baixo, ou quem sabe ela já havia sido cuspida em extratos mais rasos, mas só foi percebida posteriormente. É importante lembrar que nenhum outro artefato humano de uma idade tão antiga foi encontrado em qualquer lugar do Mundo, e olha que as pessoas têm procurado.O sudoeste de Idaho, em particular, está sujeito a escavações frequentes, porém, apenas fósseis animais e vegetais tem sido encontrados. A VERDADE Atualmente, já se sabe muito bem a origem de este artefato. O famoso historiador e geólogo americano JW Powell, analisou figura enquanto estava no território de Idaho e escreveu sobre a descoberta da estatueta na revista Science: "Segure a estatueta na altura de seu olho e deixe-a cair a seus pés, e ela se despedaçará em fragmentos. Alegou-se que esta estatueta havia sido trazida do fundo de um poço artesiano enquanto os homens trabalhavam, ou na época em que trabalhavam no poço, e que ao sair foi descoberta, o que não pode ser verdade. Apenas em segurar o artefato nota-se que se desfaz em pó, então, como poderia ele ter resistido á pressão absurda de uma bomba hidráulica utilizada para sugar toneladas de argila, pedras e terra?" Powell não parou apenas nas indagações. Em seu livro Truth and Error or the Science of Intellection, ele afirma ter trabalhado em Idaho de 1860 a 1885, e conhecer as tribos indígenas que habitavam as redondezas, tendo visto por diversas vezes as crianças indígenas brincarem com essas figurinhas. Powell afirma sem sombra de dúvidas que a pequena imagem pertencera recentemente a alguma criança indígena. Da mesma maneira, no livro citado ele afirma que entrevistou os trabalhadores que diziam ter encontrado a estatueta e todos disseram que tudo não passou de uma brincadeira, que o item foi encontrado na superfície por um trabalhador de nome Edward Brennan, que teve a ideia de enganar seus amigos, inventando que o item havia sido cuspido da bomba. Vários funcionários da época se lembravam do ocorrido e afirmam ter se divertido muito, pois todos que olharam para o item acreditaram que era genuíno. Bom, genuíno ele era, apenas não tinha a idade que se pensava ter. "E eles pareciam bastante satisfeitos por eu ter detectado a farsa", diz Powell ao final do capítulo 18 de seu livro. Sabemos que muitos dirão que Powell não comprovou nada, que seu livro foi inventado e outras falácias. Obviamente não foi, no livro, o autor comprova suas afirmações com imagens e fotos, que mesmo em preto e branco, podem indicar a veracidade do que ele diz. Bom, mas á título de curiosidade, consideremos que ele tenha inventado tudo. Ainda assim, o que a história e a arqueologia tem registrado atualmente não corrobora com a ideia de seres tão racionais há 2 milhões de anos atrás. Não é tão fácil assim quanto muitos imaginam, achados arqueológicos precisam ser datados, e para serem datados, os métodos de datação precisam ser respeitados, coisas que sabemos que não aconteceu com a Estatueta de Nampa. Se ela não pôde ser datada da forma correta, não há motivo algum para afirmar que ela tenha 2 milhões de anos de idade, pois pensar isso, o sujeito precisaria apenas "acreditar" no que foi dito, e ignorar o que é sabido e mostrado atualmente. Sempre digo em meus artigos e repito: A História e a Arqueologia não tem e nunca tiveram o objetivo de indicar a verdade absoluta sobre o passado, de dar a certeza sobre a "história da humanidade". O objetivo dessas duas áreas é simples e claro para os que fazem parte dela - Nos indicar quais evidências restaram sobre os fatos do passado, para que possamos apenas tentar entender e formar um panorama plausível e possível. Um historiador ou arqueólogo de verdade nunca buscará novas hipóteses para tentar explicar duvidoso, ele apenas dirá: Historiográfica ou Arqueologicamente não se tem nenhuma evidência de tal fato, sendo assim, nada se pode afirmar. Bibliografia: J.W. Powell - Truth and Error or the Science of Intellection Revista Science: Ed: 3 -1900. Albert Wright - The Nampa Mistery https://www.idahoarchaeology.org/nampa-figurine-hoax A História e a arqueologia são cheias de hipóteses alternativas e mirabolantes. Quer saber quais mais já foram desmistificadas? Que tal aprender o que realmente era a tão famosa "Bolsa Anunnaki"? Para saber mais, adquira meu e-book em: https://www.youtube.com/watch?v=pPuRBY7yVfk&ab_channel=Contextologia

  • Wahhabismo - Programados para destruir a história

    -Wahhabismo é um movimento Islâmico Sunita, criado no século XVIII e geralmente é descrito como ortodoxo, ultraconservador, extremista, austero, fundamentalista e puritano. Propõe-se a restaurar aquilo que, na sua visão, seria o culto monoteísta puro e por isso seus seus seguidores muitas vezes opõem-se ao termo wahhabismo, por considerá-lo pejorativo, preferindo ser chamados de salafitas ou muwahhid. Mas, de onde veio esse termo ? Essa denominação do movimento veio através de um líder religioso e teólogo chamado Muḥammad ibnʿAbd al-Wahhāb (1703 -1792). Ele foi o criador de um movimento revivalista na região remota e pouco povoada de Négede - a região central da península Arábica, no centro da Arábia Saudita. A cidade mais importante da região do Négede é Riade, capital da Arábia Saudita. Al-Wahhāb defendia a purificação do islamismo para devolvê-lo às suas raízes do século VII, por meio de uma purga de práticas tais como, o culto popular dos santos, de santuários e a visitação de túmulos de entes queridos, que eram generalizadas entre os muçulmanos, mas que Wahhab considerava como idolatria ou inovações incompatíveis com os preceitos islâmicos. Ver os meus artigos abaixo para entender melhor o contexto do Sec. VII em diante: Hassan-i Sabbah - O velho da montanha de Alamut-A Ordem do Assassinos e a conexão com os Cruzados #1 https://www.arqueohistoria.com.br/post/hassan-i-sabbah-o-velho-da-montanha-de-alamut-a-ordem-do-assassinos-e-a-conexão-com-os-cruzados-1 Hassan-i Sabbah - O velho da montanha de Alamut-A Ordem do Assassinos e a conexão com os Cruzados #2 https://www.arqueohistoria.com.br/post/hassan-i-sabbah-o-velho-da-montanha-de-alamut-a-ordem-do-assassinos-e-a-conexão-com-os-cruzados-2 Posteriormente, Wahhab estabeleceu um pacto com um líder local chamado de Muhammad bin Saud, oferecendo-lhe obediência política e garantindo que a defesa e a propagação do movimento wahhabita significariam poder e glória e o domínio de terras e homens. Foi a partir daí que se deu o nome Saud ITA -- a partir da fundação da Casa de Saud (em árabe آل سعود‎; romanizado como Āl Suʿūd) ou seja a casa real no poder na Arábia Saudita desde a criação do país em 1932. A história dos Al Saud foi marcada por um desejo de unificar a península arábica e para espalhar a sua versão particular do islã, ´pois a família tinha governado a região de Négede, entrando em conflito em várias ocasiões com o Império Otomano. A Casa de Saud defende a metodologia salafi do islã, e está ligada com a família do xeque Muhammad bin Abdul-Wahhab através do casamento de Muhammad bin Saud com a filha de Muhammad Abd al Wahhab, em 1744. A Arábia Saudita foi criada em 1932 quando Ibn Saud, que desde 1927 era rei de Hejaz e Négede, unificou a região. Atualmente, o chefe da Casa de Saud é o Rei da Arábia Saudita, que serve como Chefe de Estado e monarca do Reino da Arábia Saudita. O rei detém o poder político quase absoluto, nomeia ministros para seu gabinete que supervisionam seus respectivos ministérios em seu nome e os principais ministérios da Defesa, do Interior e das Relações Exteriores são geralmente ocupados por membros da família Saud, assim como todos os treze governos regionais. NOTA: Em junho de 2015, a Forbes listou o empresário Príncipe Al-Waleed bin Talal, neto de Abdulaziz, o primeiro rei da Arábia Saudita, como o 34º homem mais rico do mundo, com patrimônio líquido estimado em US$ 22,6 bilhões. Em 2020, o patrimônio líquido combinado de toda a família real foi estimado em cerca de US$ 100 bilhões, o que os torna a família real mais rica entre todos os monarcas, bem como uma das famílias mais ricas do mundo. Embora algumas estimativas da riqueza da família real coloquem o valor em até US$ 1,4 trilhão, o que inclui participações na Saudi Aramco. As estimativas do número de adeptos ao wahhabismo variam, com uma fonte que dá um valor de cinco milhões de wahhabitas na região do Conselho de Cooperação do Golfo. De acordo com a Universidade de Columbia, a maioria dos wahhabitas do Conselho do Golfo estão no Catar, nos Emirados Árabes Unidos (EAU) e na Arábia Saudita. No Catar, a família Al-Thani, que governa o país desde 1878, ascendeu graças ao wahhabismo, tendo também sido ajudada pela presença do Império Otomano. Deu-se a instauração da Xaria segundo interpretação wahhabita e o poder foi centralizado. Catar 🇶🇦 Copa do mundo 2022 - modelo de Totalitarismo. Come Soon 👇🏼😕😳🙈 https://revistamarieclaire.globo.com/Noticias/noticia/2022/04/lgbtqia-na-copa-do-catar-falta-de-protecao-e-proibicao-de-atos-publicos.html De acordo com estimativas, 46,87% da população do Catar e 44,8% dos habitantes dos EAU são wahhabitas, enquanto que 5,7% da população do Bahrein e 2,17% dos kuwaitianos também são parte do movimento. Os wahhabitas são a minoria dominante da Arábia Saudita. Há 4 milhões de wahhabita sauditas, ou 22,9% da população do país, concentrados em Négede Com a ajuda de financiamento das exportações de petróleo (e outros fatores), o movimento sofreu um crescimento explosivo partir da década de 1970 e agora tem influência em todo o mundo. Assim sendo, o wahhabismo é acusado de ser uma fonte de terrorismo global, e por causar desunião na comunidade muçulmana, rotulando os muçulmanos não-wahhabitas como apóstatas. Os limites que determinam o wahhabismo têm sido classificados como difíceis de identificar, mas no uso contemporâneo, os termos 'wahhabitas' e 'salafitas' são muitas vezes usados como sinônimos e considerados movimentos com diferentes raízes que se fundiram a partir dos anos 1960. Além de espalhar o medo e o terror nas cidades que conquistaram, os extremistas do grupo Estado Islâmico também se preocupam em destruir a cultura daqueles que consideram inimigos. Os alvos dos jihadistas são museus com obras de arte milenares. Entendendo o Salafismo e os jihadistas Salafismo (em árabe: سلفي; salafī, "predecessores" ou "primeiras gerações") ou movimento salafista é um movimento ortodoxo, internacionalista e ultraconservador dentro do islamismo sunita. A doutrina pode ser resumida por ter "uma abordagem fundamentalista do Islã, emulando o profeta Maomé e seus primeiros seguidores". Eles apoiam a aplicação da Xaria (lei islâmica) e o movimento é frequentemente dividido em três categorias: o maior grupo são os puristas, que evitam a política; o segundo maior grupo são os ativistas, que se envolvem na política; o menor grupo é o dos jihadistas. O movimento salafista é muitas vezes descrito como sendo sinônimo de wahhabismo, mas salafistas consideram o termo "wahhabi" depreciativo, mas o mais aceito é que o salafismo também é como um híbrido do wahhabismo e de outros movimentos pós-1960. Já, os jihadistas salafistas defendem a jihad (habitualmente entendida como "guerra santa" travada contra os inimigos da religião muçulmana) como uma expressão legítima do islamismo contra aqueles que consideram inimigos de sua religião Alguns defendem que foi Muhammad ibn Abd-al-Wahhab quem na generalidade divulgou na Arábia Saudita um islamismo que visava recuperar os princípios basilares do Islão desde a sua fundação, embora este reformismo aparente do wahhabismo fosse mais um voltar ao rigorismo interpretativo do Alcorão e não tanto a um reformismo ideológico consensual, como defendiam os salafistas. O wahhabismo também tem sido considerado como uma orientação particular dentro salafismo, ou um braço saudita ultra-conservador do salafismo. No entanto, pesa o fato de que estes também gostam de se denominar de salafistas (ou mais propriamente de salafis), mas esta designação é mais etimológica (um caso de coincidência do significado de palavras) do que doutrinária e tem pouco a ver com as ideias e ideais dos primeiros intelectuais e precursores ideológicos do salafismo. O salafismo começou a crescer na Turquia Otomana na Primeira Guerra Mundial. Com o pretexto de evitar a estratégia secular de dividir para conquistar os islâmicos depois da guerra, algo que foi neutralizado parcialmente com Mustafa Kemal Atatürk - Primeiro Presidente da Turquia - Nação atual, criada em 1922 - Falaremos desse episodio em outro artigo. A influência wahhabita na Arábia Saudita, no entanto, permanece materializada nas roupas, no comportamento público e na oração pública, podendo ser percebidas até hoje. Dreyfuss acusa o salafismo de ser um movimento totalitário que emergiu do apoio ocidental. A divulgação e crescimento do Islã no início do século XX em grande parte foi a responsável pelo sucesso do movimento wahhabita ao inspirar os ideais do movimento Irmandade Muçulmana (Ikhwan), a Al-Qaeda e o Estado Islâmico do Iraque e do Levante. Após a unificação saudita, o pacto entre os saudis e os wahabis, o wahabismo se tornou a seita dominante da Arábia Saudita, que com a descoberta do petróleo na década de 1920 se tornou um dos mais poderosos países árabes, exportando além do petróleo, o wahabismo para o mundo todo. Influenciado pelo wahabismo e outras doutrinas, no século XX surgiu o movimento conhecido como ‘Jihadismo’, ou seja, matar todos aqueles que não são muçulmanos ou que se apostataram do islam para trazer de volta o califado. É nesse contexto que surge o grupo Estado Islâmico. O vídeo abaixo mostra a destruição da Citadela de Alepo, na Síria. Este vídeo da CNN mostra a destruição da tumba do profeta Jonas, no Iraque, local sagrado para as três religiões monoteístas Os dois vídeos abaixo mostram fumaça sobre a mesquita Khaled Ibn Walid, na Síria e a destruição dentro do templo. O que é o Estado Islâmico? - Folha Explica #7 Estado Islâmico e o extermínio étnico no Iraque Único morador que ficou em cidade tomada pelo Estado Islâmico conta como foi encontro com jihadistas Yazidis contam como enfrentaram Estado Islâmico antes de fugir para montanhas Porque são perseguidos os yazidis? A história do novo líder do Estado Islâmico E ai, pessoal? Gostaram desse artigo? Deixe seu like e Instagram e Facebook ArqueoHistória >>> Instagram Facebook. Minha pagina no Instagram -- Aletheia Ágora em http://instagram/aletheia_agora Obrigado pela leitura e até o próximo POST Um abraço FLAVIO AMATTI FILHO https://www.instagram.com/aletheia_agora/ Bibliografia, Fontes e Referencias: https://ballandalus.wordpress.com/2014/08/05/the-islamic-states-isis-destruction-of-shrines-in-historical-perspective/ KHADDURI, Majid. War and peace in the law of Islam. Baltimore: Johns Hopkins University, 1958. MORABIA, Alfred. Le gihad dans l’Islam médiéval. Paris: Albin Michel, 1993. MELIS, Nicola. Trattato sulla guerra. "Il Kitab al-gihad di Molla Hüsrev". Cagliari: Aipsa, 2002. MELIS, Nicola. Il concetto di ğihād, in P. Manduchi (a cura di), Dalla penna al mouse: Gli strumenti di diffusione del concetto di gihad. Milão: Franco Angeli, 2006, pp. 23–54. MELIS, Nicola. 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  • Khufu e a Reforma da Esfinge

    Muito se especula sobre possíveis reformas realizadas no antigo Egito pelo Faraó Khufu (Quéops), em especial, sobre possíveis reformas realizadas na Esfinge e na Grande Pirâmide de Gizé. Mas será que existem evidências historiográficas ou arqueológicas que comprovem isso? Semana passada publiquei um artigo sobre o Diário de Merer, o mais antigo papiro egípcio encontrado até hoje, onde o oficial egípcio Merer, registra o 27º ano de construção da Akhet Khufu, mais conhecida como Grande Pirâmide de Gizé. Nos registros, Merer cataloga diversas idas a Tura, pedreira onde os blocos que formam a pirâmides foram cortados, bem como diversas vindas de Tura até a grande pirâmide, para descarregar tais blocos. Para ler o artigo completo, clique no botão abaixo. O artigo repercutiu muito, foi o mais visualizado do site até hoje! Sendo assim, com muitas visualizações, vem muitas dúvidas também. Uma das mais frequentes era "Existe a possibilidade de Khufu ter apenas reformado a Grande Pirâmide, como ele fez com a Esfinge?". Pergunta essa que se tornou o motivo deste breve estudo que faremos agora. O que muitos não perceberam é que no artigo sobre o Diário de Merer, citado acima, já foi claramente evidenciado que Khufu não reformava a pirâmide, mas a construía, segundo as palavras dos próprios egípcios. Sendo assim, no presente estudo nos prenderemos apenas a segunda parte da dúvida: Teria Khufu reformado a Esfinge? Que fique claro que não estamos abordando aqui se a Esfinge foi reformada ou não, até porque, sabe-se muito bem que ela foi reformada. O ponto aqui é analisar a afirmação de ela ter sido reformada por KHUFU, o Faraó responsável pela construção da Grande Pirâmide de Khufu. Posteriores reformas e a datação não serão analisadas aqui, nos prenderemos apenas em responder a pergunta do parágrafo acima. Para chegarmos a resposta dessa pergunta, precisamos primeiramente verificar o motivo da dúvida. Por que se considera isso? Onde está citado? Quem Citou? É suportado por evidências? E outras perguntas do tipo, que nos apontam uma base inicial. Após pesquisar em diversos acervos acadêmicos, não fui capaz de encontrar qualquer menção a Khufu ter reformado a Esfinge, não existe sequer papiro ou inscrição egípcia que indique isto, bem como nenhum estudo científico que afirme. Sabendo disso, conversei com minha amiga Erika telles, também do grupo ArqueoHistória, que me informou ter lido sobre tal reforma em um livro chamado "Forgotten Civilization - The role of solar outbursts in our pas and future" do autor Robert Schoch. De fato, ao pesquisar mais um pouco, percebe-se que o livro é única fonte escrita que cita um possível reforma feita na Esfinge por Khufu, após a mesma ter sido atingida por um raio. Agora que já temos a fonte da informação, passemos ao próximo passo, verificar a afirmação contida na mesma. É o que faremos agora, utilizando o livro citado acima. Como podemos ver na imagem acima, a palavra raio aparece algumas vezes no livro, porém, só é utilizada em referindo-se á Esfinge nas duas páginas que marcamos, 25 e 158. Vejamos então o conteúdo de tais páginas. Como vemos na imagem e na imagem acima (tradução na legenda da imagem), Schoch cita a Estela do Inventário, um famoso artefato egípcio, apontando que ela afirma que a Esfinge já existia durante o reinado de Khufu e que ele a havia reformado, após a mesma ter sido atingida por um raio. Sobre a Estela do Inventário, temos um breve, porém completo estudo na pagina @Contextologia, que conta com imagens e traduções da estela e suas inscrições. Em resumo, a Estela data da 26º Dinastia Egípcia, ou seja, 22 Dinastias após a de Khufu, que era a 4º. Cronologicamente falando, o período de Khufu estaria tão próximo ao da produção da estela, quanto nós estamos atualmente do ano 1 d.c. Como esperado, não vemos há sequer uma menção na estela aos pontos citados por Schoch. Pelo contrário, diferentemente do que Schoch afirma em seu livro, a estela não é descartada por egiptólogos, é um artefato egípcio totalmente genuíno. O que não são consideradas genuínas são as informações contidas na mesma, o que é totalmente diferente. Se você tem um livro grego contanto uma história real e um livro grego contando uma história falsa, os dois são livros gregos originais, porém, diferem no conteúdo que carregam, que é o mesmo que acontece com a estela do Inventário e outros artefatos citados nos estudos. De qualquer jeito, cumpre ressaltar que a Estela do Inventário não menciona em nenhum momento o tal raio atingido a esfinge, muito menos uma reforma feita por Khufu, como evidenciamos no artigo acima. Interessante é que, mesmo que a estela realmente afirmasse o que Schoch diz, ele mesmo enfraqueceria sua hipótese, quando diz ao final que os egiptólogos descartam tal item. Em resumo, a estela não contem a informação que ele afirmou que ela continha e mesmo que contivesse, seria considerada um apócrifo, como ele mesmo afirma ao final do parágrafo. Ainda continuando nesta mesma página, alguns parágrafos acima, Schoch cita a Estela dos Sonhos de Thutmosis IV. Sabe-se que a estela dos sonhos, em nenhum momento cita Khufu ou um raio atingindo a Esfinge, porém, para cobrirmos todos os pontos citados por ele e excluirmos possibilidades, analisaremos suas inscrições e tradução. Na parte superior da imagem, temos duas representações contando com duas mensagens: Representação e imagem superior esquerda: O Rei do Alto e Baixo Egito, o Senhor das Duas Terras, Menkheperure Thutmosis, a aparência das aparências, concedida com vida. Cumprimento do (deus) com um vaso (Nemset). Harmakhis (esfinge): "Eu dou força ao Senhor das Duas Terras, Thutmosis, a aparência das aparências". Representação e imagem superior direita: O Rei do Alto e Baixo Egito, o senhor das Duas Terras, Menkheperure Thutmosis, a aparência das aparências, concedido com vida. Fazer uma oferenda de incenso e uma libação. A Esfinge Harmakhis: "Eu dou força ao Senhor das Duas Terras, Thutmosis, a aparência das aparências". Inscrições do meio, entre as duas representações acima: Palavras ditas: "Eu faço que Menkheperure apareça no trono de Geb, e Thutmosis, a aparência das aparências, no ofício de Atum". Na parte de baixo, temos a mensagem principal que Thutmosis IV expressou em sua estela, vejamos: Inscrição: Eis que quando Sua Majestade era um jovem, como Hórus em Khemnis, sua beleza como (a de) aquele que protege seu pai e que é visto como o próprio deus, o exército se alegrou em seu amor, os filhos reais e todos os chefes estavam em seu poder, fazendo-o florescer, e ele repetiu o circuito, sua força como (a do) filho de Nut. Eis que ele passou um tempo se divertindo no deserto de Ineb-Hedj (Memphis), em sua estrada norte e sul, atirando em um alvo de bronze, caçando leões e rebanhos e cavalgando em sua carruagem seus cavalos mais rápidos que o vento, junto com apenas dois de seus seguidores, enquanto ninguém (mais) sabia disso. Então chegou a hora de dar descanso a seus seguidores, nos membros de Harmakhis, ao lado de Sokar em Ra-Setjaw, Renutet no Djeme do Norte, Mut, a dona da Muralha do Norte e a dona da Muralha do Sul, Sekhmet que preside seu Kha , Seth, filho de Heka, o Lugar Sagrado da Primeira Ocasião (da criação), perto dos Senhores ou Kheraha, a estrada divina dos deuses em direção ao oeste de Heliópolis. Agora então, a grande estátua de Khepri jazia neste lugar, grande em poder e poderosa em majestade, a sombra de Re repousando sobre ela. As propriedades de Hut-Ka-Ptah e todas as cidades vizinhas vêm a ele, seus braços erguidos em adoração diante dele, carregando muitas oferendas para seu Ka. Um desses dias, aconteceu que o príncipe Thutmosis veio, passando na hora do meio-dia e sentou-se à sombra deste grande deus. O sono se apoderou dele, um sono na hora em que o sol estava no zênite, e ele encontrou a Majestade deste nobre deus falando com sua própria boca, como as palavras de um pai para seu filho, dizendo: "Olhe para mim, veja eu, meu filho Thutmosis. Eu sou seu pai, Harmakhis-Khepri-Atum, e eu darei a você a realeza na terra, na frente de todos os vivos. Você usará as Coroas Branca e Vermelha sobre o trono de Geb, o príncipe hereditário. A terra será sua em seu comprimento e largura, (tudo) que o Olho do Senhor-de-Tudo iluminar. A comida das Duas Terras será sua, (assim como) os grandes tributos de todos terra estrangeira, (sua) vida será um tempo, grande em anos. Meu rosto é seu, meu coração é seu, pois você é um protetor para mim, pois minha condição (atual) é como a de um necessitado, todos os meus membros (como se fossem) desmembrados como as areias do deserto sobre o qual me deito me alcançaram. Portanto, corra para mim, para que seja feito o que desejo, sabendo que você é meu filho e meu protetor. Saia, e estarei com você, serei seu líder".Ao terminar essas palavras, esse príncipe ficou olhando acordado com o que tinha ouvido ///.../// ele entendeu as palavras desse deus e colocou um silêncio em seu coração. Então ele disse: "/// Vamos nos apressar de volta para nossa casa na cidade! Vamos separar uma oferenda para este deus e vamos trazer bois, todos os vegetais e nossas armas serão levantadas em adoração para aqueles que foram (lá) antes de (nós) ///.../// nobre ///.../// Khefren, a estátua feita para Atum-Re-Harmakhis ///.../// dias de festividades / //.../// muitos ///.../// de Minha Majestade para ela, vivendo ///.../// para Khepri no Horizonte do Oeste de Heliópolis em ///.. ./// O texto continua, porém, de forma fragmentada e ilegível. Para nosso estudo, sequer precisamos do resto do texto, basta analisarmos o que está legível e vemos que em nenhum momento é citado Khufu, em nenhum momento é citado que um raio atingiu a esfinge e em nenhum momento é citado que ela foi reformada por Khufu após o tal raio. Tenha total certeza que se houvesse algum papiro, inscrição ou artigo cientifico que comprovasse estes eventos, estaria aqui sendo citado, pois como historiador, é meu dever trazer toda e qualquer informação OFICIALMENTE COMPROVADA sobre os assuntos que abordo, porém, neste caso, não há. Pesquise nos acervos acadêmicos e comprove por si mesmo(a). Já analisamos a primeira menção ao tal raio e a reforma da esfinge por Khufu, citadas por Schoch em seu livro. Também comprovamos que não há base historiográfica ou arqueológica que sustente esta afirmação, agora, passaremos ao segundo trecho em que os cita. Como podemos ver, não existe muito o que analisar no trecho acima, pois ele sequer aponta alguma fonte que possa corroborar com sua afirmação. Ele apenas lança no ar "há um registro de que khufu reparou os danos causados por um raio na estátua" e espera que o leitor acredite em sua afirmação. Não é assim que se valida uma hipótese, seja ela científica, arqueológica ou historiográfica. Precisa-se de dados, referências e evidências que possam apoiar e corroborar suas hipóteses, como sempre faço em meus artigos, sempre apontando onde o leitor pode achar a comprovação do que afirmo. Schoch é geólogo, mas não é historiador ou arqueólogo, logo, não possui conhecimento de causa nessas áreas. Como sempre digo, expertise em uma área em nenhum momento aponta expertise em outras áreas. A prova disso é que para tornar seu livro mais interessante e "confiável", Schoch precisou inventar informações, que como vimos acima, não estão registradas em local algum, a não ser seu livro. Pesquise nos lugares certos, procure pelas evidências, não pelas afirmações. Não é difícil, em poucos 20 minutos reuni as evidências que utilizei neste estudo, e que podem ser comprovadas pelo leitor nos links acima citados, todos de acervos acadêmicos oficiais. Baseie-se pelos estudos dos profissionais que atuam na área, não pelos que se aventuram adentrando outras áreas, que pouco conhecem. Estude história para aprender sobre os fatos comprovados, não para ter que acreditar no que lhe é dito. Na área histórica, a crença não tem lugar, apenas fatos comprováveis. Como dizia Carl Sagan: "Qualquer um pode afirmar que tem um rinoceronte invisível e indetectável em sua garagem, mas conseguir provar isto e outra história." Referências: Forgotten Civilization - The role of solar outbursts in our pas and future. - RoberT Schoch The Red Sea Scrolls: How Ancient Papyri Reveal the Secrets of the Pyramids - Pierre Tallet Les Papyrus De La Mer Rouge: Le Journal De Merer - Pierre Tallet Dream Stele of Thutmose IV - Scriptural Research Institute Links: https://www.scirp.org/journal/paperinformation.aspx?paperid=83851 http://giza.fas.harvard.edu/objects/54850/full https://www.instagram.com/p/Cn5ZGayPcnG/ https://www.arqueohistoria.com.br/post/o-papiro-mais-antigo-j%C3%A1-encontrado-que-menciona-a-grande-pir%C3%A2mide-de-giz%C3%A9 A História e a arqueologia são cheias de teorias secundárias mirabolantes como esta, quer saber quais mais já foram desmistificadas? Que tal aprender o que realmente era a tão famosa "Bolsa Anunnaki"? Para saber mais, adquira meu e-book em: Conheça minha página @Contextologia no Instagram, onde compartilho minhas pesquisas e artigos na área da História, Arqueologia, Filologia e outros.

  • Os Autores da História e o Método Protetor da Linha do Tempo

    Como por meio do método de pesquisa científica, historiadores e arqueólogos, podem afirmar eventos do passado? A escrita da historia é a reinterpretação dos datos do passado a partir do momento vivido pelo historiador do presente. O método científico, assim como a história da informação, é uma abordagem sistemática para entender o mundo natural e a antiguidade, e que tem sido usado há séculos para reunir conhecimento e promover descobertas. Assim então criando a cronologia da linha histórica que a humanidade deseja ver sobre ela mesmo, e assim com esse método aplicado ao estudo da história antiga, ajuda a historiadores e arqueólogos a montar uma linha do tempo detalhada da civilização humana. É valido lembrar que um dos aspectos mais importantes do método científico é o uso de evidências e dados, que são coletados e analisados de forma sistemática, objetiva e repetidas vezes por multidisciplinas. Isso ajuda a garantir que os resultados sejam precisos e possam ser replicados por outros pesquisadores. O método começa com uma questão ou problema que precisa ser estudado. No caso da história antiga, essa pergunta pode ser algo como: "Qual foi a linha do tempo da civilização humana na Mesopotâmia?". Para responder a essa questão, historiadores e arqueólogos usam uma variedade de técnicas e ferramentas, incluindo o estudo de artefatos, textos e outras evidências físicas, bem como a análise de registros históricos e outros documentos escritos, o que por muitas vezes, esse último exemplo pode até ser considerado como prova secundária - umas das formas mais fiéis para a compreensão da narrativa antiga. É é exatamente aí que entram os autores da história, se não fossem eles, muito não seria possível compreender sobre os aspectos sociais, políticos e conflitos da antiguidade. O estudo da história antiga, portanto, também se baseia nas obras dos primeiros autores que registraram fragmentos da história, os primeiros historiadores, e forneceram informações primordiais para guiar estudos do presente sobre as vidas e civilizações do passado. Esses autores antigos, tal como Manetho, Heródoto, Tucídides, Políbio e Lívio, foram capazes de fornecer relatos detalhados da história do antigo Egito, Grécia e Roma, e suas obras ainda são amplamente estudadas hoje auxiliando cada vez mais a compreender os impérios e tempos em que viveram. Seus relatos foram inestimáveis para ajudar os historiadores e arqueólogos modernos a entender melhor a antiga linha do tempo da história. A história é narrada pelos vencedores, portanto, sempre tenhaa mente aberta para ler nas entrelinhas. Manetho ou Manetão, do grego clássico: Μανέθων ou Μανέθως; romaniz. Manéthōn ou Manéthōs, ou até Mâneto - historiador e sacerdote egípcio natural de Tjebnutjer, traduzido do egípcio: Sebenito. Viveu durante a era ptolemaica durante aproximadamente o século III a.E.C. Uma teoria alternativa propõe que ele é natural de Roma, e teria escrito sua obra por volta de 100 d.E.C., mas até hoje ainda se trata de especulação sem provas. Um dos primeiros historiadores conhecidos do antigo Egito é Manetho, que viveu durante o século III aEC (antes da Era Comum), e é mais conhecido por seu trabalho "Aegyptiaca", que fornece uma narrativa história detalhada do Egito desde a época dos faraós antigos até a chegada de Alexandre, o Grande. O trabalho de Manetho ainda é amplamente estudado hoje e é considerado uma fonte primária, segundo o método ciêntífico, tamanha acurada é a narrativa para a compreensão da história do antigo Egito. Outro historiador notável do antigo Egito é Heródoto, que viveu no século 5 aEC. Hoje ele é considerado o "pai da história" e é conhecido por sua obra "As Histórias", que fornece um relato detalhado das Guerras Persas e da história do mundo antigo. Ele também é conhecido por alguns exageiros, porém nada que atrapalhe a narrativa, uma vez que a acuracidade dos textos cruzada com descobertas arqueológicas mais recentes (séc. XX e XXI) corroboram entre sí. O trabalho de Heródoto é considerado ainda uma das mais importantes fontes de informação sobre as antigas sociedades egípcia e persa, bem como sobre as primeiras cidades-estado gregas. Tucídides, do grego Θουκυδίδης, transliterado como conhecemos hoje: Thukydídēs. Nascido em Atenas por volta de 460 a.E.C. e falecido em Atenas aprox. 400 a.E.C. Historiador da Grécia Antiga. Escreveu 'A História da Guerra do Peloponeso' da qual foi testemunha e participante. Em oito volumes narra a guerra entre Esparta e Atenas ocorrida no século V a.E.C. Já da Grécia antiga, não podemos deixar de citar Tucídides, que viveu no século V aEC, conhecido por sua obra "A História da Guerra do Peloponeso", que fornece um relato detalhado da guerra entre Atenas e Esparta, além de ser a maior fonte de informação sobre a história política e militar da Grécia antiga, e ainda hoje amplamente estudada. Outro historiador da Grécia antiga é Políbio, que viveu no século II aEC, conhecido por sua obra "As Histórias", que guarnece aos pesquisadores atuais um relato detalhado da ascensão da República Romana e sua expansão pelo mundo mediterrâneo. A obra de Políbio é largamente usada e aceita com a fonte de informação sobre a história política e militar do mundo antigo, o que é coerente aos textos de Tucídides. Por último, mas não menos importante, da Roma antiga, temos Lívio, que viveu no século I aEC e no século I dEC (depois da Era Comum), e é largamente conhecido por sua obra "A História de Roma", que garante um dos relatos mais detalhados da história de Roma desde sua fundação até o aparente apogeu e fim que enxergava já durante seu tempo: o fim da República. A obra de Tito Lívio concreta a história política, social e cultural da Roma antiga tal como era o cimento romano, sobrevivênte por mais de dois mil anos, ou seja, organiza os textos de forma coerente e coesa dando assim fruto ao que é ainda hoje amplamente estudado em faculdades pelo mundo. Os exemplos anteriores apenas servem como balizador dos feitos de distintos relatadores da história que os cercavam, que o fizeram de forma metódica e organizada, fechando lacunas do raciocínio lógico e deixando claro a exímia capacidade de cada um em seguir uma metodologia que fosse no mínimo coerente na formatação e ordem dos fatos. Mostrando assim como um método poderia evoluir para criar o que de fato ocorreu em determinado momento da história humana e não apenas dependendo de tradições orais para passar os fatos para as gerações vindouras. Sim, o método científico envolve o teste e a replicação dos resultados, e isso é importante na pesquisa da história antiga, pois assim permite múltiplas perspectivas e interpretações das evidências, e isso faz toda a diferença: fontes e provas, evidências e interpretações. Usando o método científico, historiadores e arqueólogos são capazes de juntar os fragmentos da história deixados pelos autores antigos e resolver o quebra-cabeça de como era a antiga linha do tempo da história que foi vivida e vivemos hoje. Fontes: O'Brien, Michael J. (2016). The Scientific Method in Archaeology: A Guide for Students and Researchers. Routledge. McCleery, Rachel M. and Talalay, Lauren E. (2019). Applying the Scientific Method to the Study of Ancient History: An Overview. Journal of Ancient History and Archaeology, 5(2), pp. 83-94. Athanasiou, Maria G. and Pappas, Maria T. (2020). The Role of Evidence-Based Research in the Study of Ancient History. Journal of Historical Research, 23(3), pp. 175-189. Manetho (3rd century BCE). Aegyptiaca. Herodotus (5th century BCE). The Histories. Thucydides (5th century BCE). The History of the Peloponnesian War. Polybius (2nd century BCE). The Histories. Livy (1st century BCE and 1st century CE). The History of Rome. Por Maik Bárbara

  • O calendário Gregoriano e o nascimento de Cristo 5 anos dele nascer

    Há 440 anos, o papa mostrou que tinha, sim, autoridade temporal. Literalmente, foi por meio de uma canetada pontifícia que um novo calendário foi instituído, em fevereiro de 1582. O calendário gregoriano surgiu em virtude de uma modificação no calendário juliano, realizada em 1582, para ajustar o ano civil, o do calendário, ao ano solar, decorrente do movimento de elipse realizado pela Terra em torno do Sol. Antes de Júlio César (100 a.e.c – 44 a.e.c.), o calendário que vigorava em Roma era dividido em 355 dias e 12 meses, o que causava um grande desajustamento ao longo do tempo, pois as estações do ano passavam a ocorrer em datas diferentes. Quando se tornou ditador da República romana, Júlio César resolveu reformar o calendário para adequá-lo novamente ao tempo natural. O calendário gregoriano é o calendário utilizado pela maior parte do mundo, incluindo o Brasil. Também chamado de calendário cristão ou ocidental, ele é estabelece um padrão internacional para representação de datas. Regido pelo movimento da Terra ao redor do Sol, o calendário possui 365 dias divididos em 12 meses. Desses, quatro possuem 30 dias, enquanto outros sete possuem 31. Além desses, o mês de fevereiro possui 28 dias, eventualmente possuindo 29, em anos bissextos. Dessa maneira, cada ano tem um total de 52 ou 53 semanas, com sete dias cada. Segundo o padrão internacional, o começo da semana acontece na segunda-feira. Antes da adoção do calendário gregoriano, o calendário juliano era o vigente. Implementado por Júlio César, em 46 a.e.c., ele fora criado pelo astrônomo grego Sosígenes, da Escola de Alexandria. O CALENDÁRIO JULIANO. O nome é uma homenagem a Júlio César, na altura pontífice máximo da República Romana, a quem competia a tarefa de decidir quando se introduziam os meses intercalares no calendário romano tradicional, um calendário lunissolar. Um calendário lunissolar é um calendário baseado nos movimentos da lua e do sol. Neste tipo de calendário, procura-se harmonizar a duração do ano solar com os ciclos mensais da lua através de ajustamentos periódicos. Assim os doze meses têm ao todo 354 dias e os dias que faltam para corresponder ao ciclo solar obtêm-se através da introdução periódica de um mês extra, o chamado 13o mês lunar. CURIOSIDADE : >>> Segundo Isaac Newton, os gregos antigos usavam um calendário lunissolar, em que o ano era composto por doze meses de aproximadamente trinta dias; o mês era corrigido (para menos) pelas fases da lua, e o ano era corrigido (para mais) com o eventual acréscimo de um mês EXEMPLOS DE CALENDÁRIOS LUNISSOLARES: Calendário budista Calendário chinês Calendário hindu Calendário judaico A reforma do calendário juliano entrou em vigor no dia 1 de janeiro do ano 45 a.e.c., tornando o calendário romano num calendário solar, alinhado pelas estações do ano, à semelhança do calendário egípcio já então em vigor. As principais características foram: Fixar o calendário anual em 365 dias que se designa ano comum, herança dos astrônomos sacerdotes egípcios, que estabeleceram um ano de 365 dias, por volta do ano 2 800 a.e.c.; Fixar o calendário anual em 12 meses, abandonando completamente o sistema de meses intercalares, e distribuindo os dias de diferença entre o valor médio do calendário tradicional e o novo pelos vários meses do ano, acrescentando-os em 1 ou 2 dias; Acrescentar 1 dia de 4 em 4 anos (4 x 6 horas = 24 horas, 1 dia), resultante da diferença de aproximadamente 6 horas entre os 365 dias do novo calendário e o valor médio do ano trópico de 365 dias e 6 horas, ou 365 dias e 1/4 ou 365,25 dias. O dia a intercalar ocorria no 6º (sexto) dia (VI) antes das calendas de março ou 24 de fevereiro no nosso calendário. O dia repetido dizia-se o dia bissexto antes das calendas de março, o que passou a identificar quer o dia assim acrescentado (dia bissexto) quer o ano em que se fazia essa intercalação (ano bissexto). Quando se abandonou a forma de contagem regressiva típica do calendário romano e se passou a usar a contagem contínua dos dias do mês, do primeiro ao último dia, o dia a acrescentar passou a ser intercalado depois do último dia do mês de fevereiro, antes do mês de março, como ainda hoje usamos; O primeiro dia do ano passa a ser o dia das calendas de janeiro ou 1 de janeiro no nosso calendário, 8 dias depois do solstício de inverno, calculado para coincidir com o 8º dia (VIII) antes das calendas de janeiro ou 25 de dezembro no nosso calendário, tal como as outras estações deveriam igualmente ocorrer por volta do oitavo dia antes dos meses de abril, julho e outubro. NOTA: O calendário juliano, com as modificações feitas por Augusto, continua sendo utilizado pelos cristãos ortodoxos em vários países. Nele, os anos bissextos ocorrem sempre de quatro em quatro anos, enquanto no calendário gregoriano não são bissextos os anos seculares exceto os múltiplos de 400, o que hoje acumula uma diferença para o calendário gregoriano de 13 dias. Assim, o dia 28 de janeiro de 2023 no calendário gregoriano, é dia 15 de janeiro de 2023 no calendário juliano. CALENDARIO ROMANO - HISTÓRIA ( ANTES DE JULIO CÉSAR) Tradicionalmente se diz que o calendário romano foi estabelecido por Rómulo à época da criação de Roma em 753 a.e.c. -- tinha 10 meses e totalizavam 304 dias. - de março a dezembro. Foi modificado por Numa Pompílio que o transformou o calendário de solar (10 meses) para lunissolar (12 meses) totalizando 355 dias que para manter o calendário alinhado com o ano solar se adicionava um mês extra, mensis intercalaris, de dois em dois anos, fazendo dos anos uma sequência irregular de 355, 377, 355, 378 dias e que ainda dependia de ajustes. A decisão de inserir o mês extra era de responsabilidade do pontífice máximo (pontifex maximus), que buscava manter o calendário em sincronia com os eventos sazonais de translação da Terra, o que nem sempre era preciso. Como visto anteriormente, em 46 a.e.c., Júlio César, percebendo que as festas romanas marcadas para março (que era então o primeiro mês do ano), estavam a ocorrer em pleno inverno, também pela falta da introdução de meses intercalares nos últimos 10 anos, preparou uma profunda reforma do calendário, seguindo de forma prática o modelo do calendário egípcio com o conselho do astrônomo alexandrino Sosígenes. As modificações realizadas a partir desses estudos modificaram radicalmente o calendário romano: dois meses, Unodecembris e Duocembris foram adicionados ao final do ano de 46 a.e.c., deslocando assim Januarius e Februarius para o início do ano de 45 a.e.c. Os dias dos meses foram fixados numa sequência de 31, 30, 31, 30... de Januarius a Decembris, à exceção de Februarius, que ficou com 29 dias e que, a cada três anos, teria 30 dias. Com estas mudanças, o calendário anual passou a ter doze meses que somavam 365 dias. O mês de Martius, que era o primeiro mês do ano, continuou sendo a marcação do equinócio. A TERRA OFICIALMENTE, COMPLETA UMA VOLTA AO REDOR DO SOL EM MARÇO. Foi abandonado o formato solar do calendário romano se fixando para um calendário predominantemente unissolar, onde se substituiu o mês intercalar Mercedonius de 22 e 23 dias por apenas um dia chamado de dia extra que deveria ser incluso no 24º dia de Februarius, "ante die sextum kalenda martias", que, em função da forma de contagem dos romanos acabou criando o conceito de ano bissexto, de 366 dias que deveria ocorrer de quatro em quatro anos. Os anos bissextos definidos no calendário juliano para ocorrer de 4 em 4 anos resultavam num valor médio do ano de 365,25 dias que se aproximava muito bem do valor do ano trópico atualmente equivalente a 365,2422 dias. Um ano trópico, também chamado ano das estações ou ainda ano solar, é o intervalo de tempo que o Sol, em seu movimento aparente pelo céu, leva para partir de algum dos quatro pontos que definem as estações e retornar para o mesmo ponto, ou seja, é o tempo entre duas passagens pelo equinócio de primavera, pelo solstício de verão, pelo equinócio de outono ou pelo solstício de inverno. O ano civil se baseia no ano trópico, que tem uma duração de 365d 5h 48min 46s. Por o ano trópico não ter uma quantidade exata de dias, torna-se necessário introduzir correções periódicas e regulares no ano civil, para que este se mantenha sincronizado com as estações. Os egípcios, aparentemente, faziam uso de um ano de 12 meses de 30 dias, mas posteriormente acrescentaram mais cinco dias ao final do ano, fazendo um total de 365 dias por ano (o ano egípcio). O ano romano, após sofrer várias modificações, terminou sendo estabelecido por Júlio César, como um ano de 365 dias, com uma correção de um dia extra feita a cada quatro anos, nos anos chamados de anos bissextos, com um dia extra no mês de Fevereiro (o atual dia 29 de fevereiro). Como o ano juliano é cerca de 11 minutos maior que o ano trópico, ao longo dos séculos esta diferença foi se acumulando. O Ano da confusão O ano 46 a.e.c. em que foi preparada a reforma do calendário, teve de ser acrescentado e acabou por chegar aos 443 dias, de modo que o novo calendário se iniciasse nas calendas de janeiro ou 1 de janeiro, dia em que provavelmente também ocorreu uma Lua nova e o início de um novo mês lunar. Esse ano foi recordado como o último ano da confusão segundo as palavras dos historiador Macróbio, tendo em conta a confusão que antes já ocorria com a decisão (nem sempre cumprida) de introduzir meses intercalares no anterior calendário lunissolar, daí resultando uma sequência irregular de 355, 377, 355 ou 378 dias. Nome dos meses Durante o Império Romano, ficou comum a substituição de nomes de meses por nome do imperador do momento, sendo que alguns deles foram radicais nesta prática, exemplo de Cómodo que mudou o nome de todos eles, a começar por Januarius que se chamou Amazonius, e Augustus por Commodus. No entanto as alterações posteriores ao imperador Augusto acabaram por ser abandonadas. Homenagem a Júlio César Em 44 a.e.c., poucos meses depois da morte de Júlio César o senado romano mudou o nome do mês Quintilis para Julius (mês de 31 dias), em sua homenagem, por ser o mês em que tinha nascido. Como ficaram os meses a partir do ano 45 a.e.c. As mudanças de Augusto Como os anos bissextos, depois da morte de Júlio César não foram contados correctamente de 4 em 4 anos, mas de 3 em 3 anos, o imperador Augusto, também na qualidade de pontífice máximo determinou que a partir do ano 12 a.e.c. não houvesse anos bissextos até ao ano 8 e.c., para compensar os dias bissextos introduzidos a mais. Após o ano 8 e.c., os meses se organizaram da seguinte forma: Homenagem a Augusto Também o senado romano, em homenagem ao imperador Augusto, modificou o mês Sextilis (mês de 30 dias) para Augustus, em homenagem ao seu título, mas para que o mês não ficasse menor que o dedicado a Júlio César foram feitos acertos no tamanho dos meses finais do ano e passando um dia de fevereiro para agosto. O mês de Februarius passou de 29 para 28 dias, e agosto passou de 30 para 31 dias, com mudança também nos demais meses, de 31 para 30 e vice e versa até o fim do ano. A CRIAÇÃO DO ANNO DOMINI - A.C / D.C e o EQUIVOCO DA DATA DE NASCIMENTO DE CRISTO. Dionísio Exíguo (em latim: Dionysius Exiguus; Cítia Menor, c. 470 – c. 544), também conhecido por Dionísio, o Exíguo (ou seja Dionísio o Menor, significando o pequeno), foi um monge do século VI, nascido na Cítia Menor, no que é atualmente a região de Dobruja, na Roménia. Membro da chamada comunidade dos monges da Cítia em Roma, versado em matemática e em astronomia, que se celebrizou pela criação de um conjunto de tabelas para calcular a data da Páscoa, levando à introdução do conceito de anno Domini, o ano do Senhor, a contagem dos anos a partir do nascimento de Cristo, ainda em uso e hodiernamente em geral referida como Era Comum ou Era Cristã. Vivendo em Roma desde cerca do ano 500, era um dos sábios da Cúria Vaticana, na qual traduziu da língua grega para a latina 401 cânones eclesiásticos, incluindo os cânones apostólicos e os decretos do Primeiro Concílio de Niceia, do Primeiro Concílio de Constantinopla, dos Concílio de Calcedónia e do Concílio de Sardes. Os cálculos que levaram ao calendário cristão, baseado na data do nascimento de Jesus Cristo, foram realizados por Dionísio Exíguo no ano 532, na época denominado ano 284 da Era Diocleciana. Exíguo não queria usar um calendário cujo nome se referia a um tirano e perseguidor de cristãos e resolveu datar os eventos a partir do nascimento de Jesus. Como os romanos datavam os eventos a partir da fundação de Roma (Ab Urbe Condita), Exíguo determinou a data de nascimento de Jesus neste calendário. A partir de Lucas 3:1, se Jesus tinha 30 anos no décimo-quinto ano do reinado de Tibério em Roma, e se Tibério sucedeu Augusto em 19 de agosto de 767 A.U.C., conclui-se que Jesus nasceu no ano 753 A.U.C. Porém, este fato está em desacordo com Mateus 2:1, pois Jesus teria nascido antes da morte de Herodes, em 749 A.U.C. A solução é que Tibério iniciou seu reinado como colega de Augusto, quatro anos antes da morte deste. Assim, o décimo-quinto ano de Tibério, citado por Lucas, ocorreu quatro anos antes do suposto por Exíguo. EM RESUMO: NOTA DO AUTOR Até a época de Dionísio os anos eram calculados em base à fundação de Roma ou, de acordo com o calendário hebraico, em base à história do universo (no calendário hebraico. Ele então inovou, passando a considerar o nascimento de Cristo como centro da história. O erro do cálculo de Dionísio, mencionado acima, é desmascarado graças à biografia de Herodes o Grande, o responsável pela massacre dos inocentes, que governava quando Jesus nasceu. Os históricos sabem com certeza que ele morreu no ano 4 antes de Cristo, ou seja, morreu 4 anos antes da data estabelecida por Dionísio como sendo aquela do nascimento de Cristo. Contudo Jesus não pode ter nascido depois da morte de Herodes. Há uma hipótese, não valorizada pelos historiadores, que diz que no ano 4 antes de Cristo, Herodes, o Grande, (pai de Herodes Antipas) teria somente passado o reino ao filhos e não teria morrido. E para agravar mais o erro, existe uma curiosidade acerca do ano 0. No pensamento de Dionísio não existia o ano zero, pois na Europa o zero "0" foi introduzido somente a partir do primeiro milênio da era cristã. Por isso Dionísio estabeleceu que o ano imediatamente precedente ao 1, ou seja, o ano no qual Jesus nasceu segundo o seu cálculo, fosse o ano 1 antes de Cristo. Portanto temos uma defasagem de cerca de 5 anos e o calendário gregoriano vigente somente MIL ANO DEPOIS, no SEC XVI - pelo papa GREGÓRIO 13, atualmente nos países ocidentais de religião Cristã, estão defasados ao menos com 5 anos de atraso. Portanto, o ano de 2023 (ano vigente da publicação desse artigo), é na verdade o ano de 2028, e Cristo, nasceu 5 anos do seu nascimento OFICIAL. MAIS CURIOSIDADES: Enfim, com o ajuste do calendário, dez dias foram excluídos. Como o dia posterior a 4 de outubro de 1582 passou a ser 15 de outubro, o período de 5 a 14 de outubro daquele ano nunca existiu no papel. Os últimos países a adotarem o calendário gregoriano na Europa foram a Grécia, em 1923, e a Turquia foi o último país a adotar o calendário gregoriano, em 1º de janeiro de 1927. Apesar de se acreditar que os anos bissextos acontecem de quatro em quatro anos, eles não ocorrem caso o ano em questão seja divisível por 100. Oficialmente, a regra diz que, além de não ser divisível pela centena, ele deve ser múltiplo de 4 e 400. Em comparação com o ano solar, o calendário gregoriano possui uma diferença de 26 segundos. Por fim, antes da adoção do novo calendário, o ano novo inglês começava no Dia da Senhora, em 25 de março. Alguns povos conservam outros calendários para uso religioso inclusive com cronologia diferente da adotada pela Igreja Católica Romana. Conforme proposta feita por Dionísius Exiguus (470 - 544) monge romeno o marco inicial da cronologia cristã tem como data o ano do nascimento de Cristo. Segundo o calendário gregoriano, hoje é 28 de janeiro de 2023. Para esta mesma data outros calendários apontam anos diferentes, como: Ab urbe condita 2776; Calendário Babilônico 6773; Calendário bahá'í 179–180; Calendário budista 2567; Calendário hebreu 5783–5784; Calendário hindu Vikram Samvat 2079–2080; Calendário hindu Shaka Samvat 1945–1946; Calendário hindu Kali Yuga 5124–5125; Calendário Holoceno 12023; Calendário iraniano 1401–1402; Calendário Islâmico 1444–1445 entre outros. Críticas O calendário gregoriano apresenta alguns defeitos, tanto sob o ponto de vista astronômico, como no seu aspecto prático. Por exemplo, o número de dias de cada mês é irregular (28 a 31 dias); além disso a semana, adotada quase universalmente como unidade laboral de tempo, não se encontra integrada nos meses e muitas vezes fica repartida por dois meses diferentes, prejudicando a distribuição racional do trabalho e dos salários. Outro problema é a mobilidade da data da Páscoa, que oscila entre 22 de março e 25 de abril, perturbando a duração dos trimestres escolares e de numerosas outras atividades econômicas e sociais. Segundo intercalar deixará de existir até 2035; saiba o que é e quais os impactos Você sabia que o relógio do mundo está errado e que precisa ser ajustado anualmente? Entenda o que mudará depois que o "segundo intercalar" deixar de existir Leia mais em: https://www.opovo.com.br/noticias/curiosidades/2022/12/21/segundo-intercalar-deixara-de-existir-ate-2035-saiba-o-que-e-e-quais-os-impactos.html E ai, pessoal? Gostaram desse artigo? Deixe seu like e Instagram e Facebook ArqueoHistória >>> Instagram Facebook. Minha pagina no Instagram -- Aletheia Ágora em http://instagram/aletheia_agora Obrigado pela leitura e até o próximo POST Um abraço FLAVIO AMATTI FILHO https://www.instagram.com/aletheia_agora/ Bibliografia, Fontes e Referencias: https://escolakids.uol.com.br/historia/historia-do-calendario.htm https://www.bbc.com/portuguese/geral-60496904 https://segredosdomundo.r7.com/calendario-gregoriano/ https://www.opovo.com.br/noticias/curiosidades/2022/12/21/segundo-intercalar-deixara-de-existir-ate-2035-saiba-o-que-e-e-quais-os-impactos.html https://pt.wikipedia.org/wiki/Calend%C3%A1rio_gregoriano Bonnie Blackburn, Leofranc Holford-Strevens,Calendars and chronology in The Oxford companion to the year, Oxford, 1999. Georges Declercq, Anno Domini: The origins of the Christian era (Turnhout, 2000); idem, "Dionysius Exiguus and the introduction of the Christian era", Sacris Erudiri 41 (2002): 165-246. 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  • Amputação mais antiga conhecida, realizada em Bornéu há mais de 31.000 anos

    Um incrível achado fóssil torna um fato claro; 31.000 anos atrás, um jovem caçador-coletor em Bornéu teve sua perna esquerda amputada cirurgicamente, e sobreviveu. Arqueólogos que trabalham em uma parte remota do Bornéu indonésio descobriram o que vem ser o exemplo mais antigo conhecido de uma amputação bem-sucedida, antecedendo a segunda cirurgia mais antiga desse tipo em incríveis 24.000 anos. Uma equipe de pesquisadores indonésios e australianos descreveu a descoberta na metade de 2021, na Nature. O esqueleto nos aponta que a perna esquerda de um jovem foi habilmente cortada e, apesar dos riscos mortais de perda de sangue e infecção, foi curada com sucesso. Os ossos da perna mostram crescimento, provando que o paciente, embora não muito móvel, viveu por anos após a amputação, provavelmente graças ao extenso cuidado da comunidade durante a convalescença e além. Os cientistas não têm certeza se o paciente era homem ou mulher, mas a estatura indica que um homem é o mais provável. A amputação sugere que, pelo menos alguns coletores do Sudeste Asiático desenvolveram conhecimentos e técnicas médicas significativas muito antes da Revolução Neolítica, cerca de 12.000 anos atrás (quando outros exemplos começaram a aparecer nos registros arqueológicos). O esqueleto provavelmente pertenceu a um macho de Homo sapiens de 19 ou 20 anos, e foi encontrado em uma caverna durante as escavações de 2020 em Liang Tebo. A caverna fica na região remota de Sangkulirang-Mangkalihat, no leste de Kalimantan, uma paisagem acidentada e visitada de penhascos de calcário e floresta acessível apenas por barco. Restos de humanos primitivos são raros na região, por isso, os pesquisadores sugerem que este pode ser o mais antigo esqueleto conhecido de um humano "moderno" já encontrado na região. Durante a escavação, a descoberta assumiu um novo nível de intriga quando a equipe descobriu que uma perna do esqueleto estava totalmente ausente. O membro não havia sido quebrado ou esmagado, mas removido de forma limpa. Os arqueólogos também identificaram um crescimento ósseo incomum nos fragmentos remanescentes da tíbia e da fíbula, supercrescimento esse que corresponde ao supercrescimento observado em casos clínicos modernos de amputações. Continuando as pesquisas, foi comprovado que posteriormente o osso também desenvolveu atrofia, indicando que a parte do membro que permaneceu era um toco com uso limitado. Investigações sobre essa remodelação da estrutura óssea mostraram terem se passado cerca de seis a nove anos entre o início e o termino dessas mudanças. “Isso confirma que a cirurgia não foi fatal, não infectou e provavelmente ocorreu no final da infância”, diz Tim Maloney, especialista em arqueologia de Bornéu na Griffith University, na Austrália, e coautor do estudo. Para realizar uma operação bem-sucedida, os cirurgiões pré-históricos teriam que ter conhecimento de anatomia. Eles cortaram não apenas ossos, mas músculos, veias e nervos de tal forma que o paciente não sangrou até a morte ou entrou em estado de choque fatal. Seus bisturis provavelmente eram as bordas líticas lascadas de uma pedra chamada Chert, encontrada comumente na região. Posteriormente, os cirurgiões podem ter empregado um torniquete ou cauterização, porém, nenhum procedimentos deixaria evidências claras no esqueleto e, portanto, permanecem apenas como possibilidades. O que com certeza é certo, é que o paciente teve um nível considerável de cuidados pós-operatórios. “É altamente improvável que esse indivíduo pudesse ter sobrevivido ao procedimento sem cuidados de enfermagem intensivos, incluindo perda de sangue e controle de choque e limpeza regular de feridas”, observa Maloney. Ele acredita que a operação bem-sucedida implica que a comunidade também tinha algum conhecimento sobre o manejo antisséptico e antimicrobiano para prevenir infecções fatais. Ele completa: “Dado que essas pessoas viviam em uma área dos trópicos da Terra, lar de algumas das maiores biodiversidades de plantas, muitas com propriedades medicinais conhecidas, há um forte argumento de que a adaptação a esse ambiente de floresta tropical pode ter estimulado o desenvolvimento de conhecimentos médicos avançados, incluindo plantas processadas para tratamentos”. Quaisquer que sejam os métodos empregados, eles claramente funcionaram, produzindo uma amputação bem curada, sem evidências esqueléticas de complicações ou infecções. Durante os anos em que o paciente viveu e cresceu como um amputado, ele provavelmente recebeu assistência contínua da comunidade, enquanto vivia um estilo de vida móvel neste terreno montanhoso de floresta tropical. “Eles realmente tomaram uma decisão consciente de cuidar dessa pessoa”, diz Roberts. “Parece-me que durante a vida desta pessoa, e mesmo na sua morte, como podemos constatar pelo contexto funerário, foi muito bem cuidada.” A evidência de amputações pré-históricas, ou cirurgias de qualquer tipo, é relativamente escassa, mas alguns exemplos intrigantes de procedimentos médicos sérios foram encontrados. Algumas múmias egípcias são amputadas, incluindo uma com uma incrível prótese de dedo do pé de 3.000 anos. Crânios de um cemitério ucraniano mostram que a trepanação, perfurando um buraco no crânio humano, foi praticada há mais de 9.000 anos. A prática também ocorreu em todo o mundo, desde a Grécia Antiga até o Império Inca. Há 5.300 anos, humanos no norte da Espanha realizavam cirurgias de ouvido, cortando o crânio de um paciente para aliviar a dor. A evidência de amputações pré-históricas, ou cirurgias de qualquer tipo, é relativamente escassa, mas alguns exemplos intrigantes de procedimentos médicos sérios foram encontrados. Algumas múmias egípcias são amputadas, incluindo uma com uma incrível prótese de dedo do pé de 3.000 anos. Crânios de um cemitério ucraniano mostram que a trepanação, perfurando um buraco no crânio humano, foi praticada há mais de 9.000 anos. A prática também ocorreu em todo o mundo, desde a Grécia Antiga até o Império Inca. Há 5.300 anos, humanos no norte da Espanha realizavam cirurgias de ouvido, cortando o crânio de um paciente para aliviar a dor. Anteriormente, o exemplo mais antigo de cirurgia de amputação bem-sucedida era um encontrado na França, onde algum cirurgião pré-histórico cortou deliberadamente e cuidadosamente o antebraço esquerdo de um idoso há cerca de 7.000 anos. O uso de técnicas cirúrgicas e médicas avançadas, como os exemplos acima, geralmente está ligado ao surgimento da agricultura, há cerca de 12.000 anos, quando comunidades e culturas estabelecidas começaram a se desenvolver. Mas a vida em Bornéu era totalmente diferente. O emprego de tal habilidade médica lá, entre caçadores-coletores que estavam frequentemente em movimento, mais de 24.000 anos antes do segundo exemplo mais antigo registrado, é outra evidência que sugere que suas culturas podem ter sido bastante sofisticadas. Algumas das mais antigas pinturas figurativas conhecidas do mundo, animais parecidos com gado pintados em paredes de cavernas há pelo menos 40.000 anos, também foram encontrados nesta mesma região de Bornéu. A natureza incrivelmente rara das descobertas de esqueletos amputados, torna difícil dizer se a amputação foi em si um ato isolado de um ser humano ou grupo extraordinário, ou se é indicativo de práticas médicas mais comuns na Bornéu pré-histórica. Referências

  • A História da Informação

    Uma área de estudos das ciências humanas multidisciplinar que carrega a resposta para a interpretação correta de fatos e eventos do passado humano em qualquer período. Si.427 é uma tabua de mão do período de 1900-1600 aEC, criada por um agrimensor da Antiga Babilônia. É feito de argila e o agrimensor escreveu nele com uma vara de escrita especialmente desenvolvida para o cuneiform. Crédito da imagem: UNSW Sydney A "História da Informação" é um campo complexo e multifacetado que abrange uma ampla variedade de disciplinas e perspectivas. Em sua essência, ela se preocupa em entender como as sociedades humanas interagiram com, criaram e disseminaram informações ao longo da história. Desde as primeiras formas de comunicação e registro, até a invenção da imprensa e a revolução digital, a história da informação tem desempenhado um papel crucial na forma como vivemos, pensamos e evoluimos. O registro do conhecimento traduz para descendentos do futuro os aprendizados do passado, perdurando assim o conhecimento, acumulando-o e aprimorando com o tempo. Uma das principais descobertas da história da informação é que a forma como pensamos e usamos informações está profundamente ligada ao contexto tecnológico e social em que são produzidas e consumidas. De acordo com o historiador James Beniger: Os sistemas tecnológicos, econômicos e sociais que suportam o fluxo de informação são tão importantes quanto a informação em si. Isso significa que entender a história da informação requer não apenas examinar o conteúdo das informações, mas também os sistemas e estruturas, contexto, meio social, traços linguisticos e demais nuanças que possibilitam sua criação, distribuição, uso, disseminação, reuso, melhoramento e perduração. Francis Bacon, também conhecido como Bacon de Verulâmio. Nascido e falecido em Londres, 22 de janeiro de 1561 até 9 de abril de 1626: político, filósofo empirista, cientista, ensaísta inglês, barão de Verulam e visconde de Saint Alban. É considerado um dos fundadores da Revolução Científica. Outro aspecto importante da história da informação é o papel do poder e controle. Ao longo da história, aqueles que controlam o fluxo de informações, a narrativa, muitas vezes exerceram significativo poder e influência. A história é escrita pelos vencedores... E suas versões nem sempre são as mais fiéis aos fatos. Por exemplo, na Idade Média, a Igreja Católica detinha um quase monopólio na produção e distribuição do conhecimento, o que ajudou a solidificar seu poder e autoridade. Da mesma forma, na era moderna, governos e corporações têm usado seu controle sobre as informações para moldar a opinião pública e manter seu poder. Johann Gutenberg, 1394 a 1399, inventor do sistema de tipografia de impressão gráfica Uma das mais significativas descobertas na história da informação é a invenção da imprensa. De acordo com a historiadora Elizabeth Eisenstein: A invenção da impressão foi o evento mais importante do período moderno. Isso porque ela levou à produção em massa de livros, o que por sua vez levou à democratização do conhecimento. Antes da imprensa, os livros eram copiados à mão e, portanto, raros e caros. Mas com a imprensa, os livros se tornaram amplamente disponíveis e baratos, o que aumentou a disseminação do conhecimento, das informações e das ideias. A revolução digital é outro ponto de virada na história da informação. O desenvolvimento de computadores e da internet transformou a forma como comunicamos, acessamos e compartilhamos informações. De acordo com Tim Berners-Lee, o inventor da World Wide Web, "a web é mais uma criação social do que técnica. Eu a projetei para um efeito social - ajudar as pessoas a trabalhar juntas - e não como um brinquedo técnico." A internet tornou possível compartilhar informações e se conectar com outras pessoas de formas que eram anteriormente inimagináveis, criando oportunidades sem precedentes para colaboração e inovação. É importante mencionar que a história da escrita é parte fundamental da história da informação, exemplo disso é a escrita cuneiforme suméria e acadiana, consideradas as primeiras escritas conhecidas até hoje. Segundo Irwing Finkel, assiriólogo e curador do museu de Londres, especialista em cuneiforme: "a escrita cuneiforme é uma das mais antigas e complexas formas de escrita já desenvolvidas, e sua descoberta e decifração forneceu uma janela única para entender as sociedades antigas da Mesopotâmia." É por meio da escrita que a evolução social e crescimento do conhecimento acumulado pode passar de geração para geração sem a poluição das culturas dominantes de outros territórios, ou por invenções mitológicas de mutações de lendas ao passar dos séculos através das tradições orais. O que é escrito é conservado como uma fonte secundária, quase primaria, dos fatos e acontecimentos daquele tempo. Em conclusão, a história da informação é um campo complexo e multifacetado que abrange uma ampla variedade de disciplinas e perspectivas. Ela se preocupa em entender como as sociedades humanas interagiram com, criaram e disseminaram informações ao longo da história, destacando o impacto da tecnologia, dos sistemas sociais, do poder e do controle na forma como vivemos e pensamos hoje. Por: Maik Bárbara Bibliografia Beniger, James. "The Control Revolution: Technological and Economic Origins of the Information Society." Harvard University Press, 1986. Eisenstein, Elizabeth. 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